Autor Tópico: TEST-RIDE > Piaggio Beverly Sport Touring 350 i.e.  (Lida 1988 vezes)

Maio 23, 2016, 00:31:20, 00:31
Lida 1988 vezes

Sapiens21

  • Motociclista: 5 estrelas ❇❇❇❇❇

  • Offline
  • *****

  • 18419
  • Sexo
    Masculino

    Masculino
  • Texto Pessoal
    Queira o bem. Faça o bem. O resto vem...
Test-Ride
Piaggio Beverly Sport Touring 350 i.e.




Acreditem ou não, já faz muito tempo que eu não me sentia bloqueado sem saber o que escrever e muito menos por onde começar…

…Uma sensação estranha esta que me trás ao início daquilo que seria a descrição de um test-ride, mas a que começam logo no início a faltar-me as ideias para aquilo que foi um verdadeiro choque!!!

E digo-o novamente…foi mesmo um choque!

E foi-o na medida em que nada me preparava mentalmente para aquilo que se revelou como um completo rasgar de preconceitos com aquilo que, à primeira vista, me parecia uma “simples” citadina…uma de entre tantas outras…

A verdade é que aquele pacote engana bastante e vi ali personificado um verdadeiro Diabo da Tasmânia.
A Beverly 350 i.e., que faz uso do mesmo motor que equipa a bem maior e pesada X10, não tem traços de design que a apontem inequivocamente para uma Desportiva Turística, tal como o seu nome (Sport Touring) parece querer levar.

Mas há efectivamente detalhes que não são de menosprezar neste modelo e que um olhar mais atento, mesmo que desconhecedor do mundo das 2 rodas, não pode deixar de constatar...
O seu escape massivo e colocado numa posição que parece desafiar o próprio conceito de ousadia, é um deles! Considero mesmo aquela verdadeira peça de design como um dos elementos chave da Beverly Sport Touring e que não é de maneira nenhuma um simples “ornamento”, mas sim o primeiro e imediato indício que estamos perante algo que desafia a normalidade.




Depois olha-se para aqueles pneus e percebe-se que algo não vai bem com a ideia (…que já se começava a esbater) de que esta seria somente uma citadina um pouco mais vitaminada. Com jante de 16´ na frente e 14´atrás, este modelo “calçava” uns pneus com uma largura bastante semelhante àquela que se vê em grandes maxiscooters: 110/70 – 150/70, dando-lhe um ar encorpado e que pouco ou nada se compatibilizaria com uma utilização estritamente urbana, bem pelo contrário.

A carroçaria da Beverly é por sua vez aquilo que se chama “redefinir o passado no presente”, dando-lhe um cunho muito forte daquilo que é o verdadeiro e inegável traço italiano.
É uma scooter a que facilmente atribuo a complexa definição de: bonita!

Não sendo uma fórmula de design totalmente original, na medida em que já se conhecem globalmente aqueles traços de outros modelos, ainda assim é ousada na forma como se apresenta, na forma com que mostra ser mais do que aquilo que aparenta.
De tal forma que me parece ser até injusto ser apreciada somente em imagens. A Beverly Sport Touring 350 i.e. é daqueles modelos que se vai entranhando em nós e quanto mais olhamos para a mesma, quanto mais tempo a temos na nossa presença…mais vamos gostando do que vemos.




Eu não posso dizer que sou um absoluto fan dos modelos de roda alta…estaria a mentir se o fizesse. Mas apesar de não ser fan incondicional deste formato, tal não significa que não as aprecie bastante e lhes veja inegáveis mais-valias, tendo esta em particular conseguido marcar-me bastante.
Revendo mentalmente aquela carroçaria de traço italiano, posso dizer que gosto do que vejo…apresentando-se a Beverly com um farol posicionado bem alto, auxiliado por dois mais pequenos de formato esguio e com poderosos LED’s, um vidro sport ligeiramente fumado, umas linhas encorpadas quando apreciada de perfil, uma secção traseira que parece ter sido elevada desde o meio da carroçaria e culminando nos farolins traseiros colocados numa posição que quase se pode considerar vertical face ao sentido da carroçaria.

A Piaggio Beverly Sport Touring 350 i.e. não é uma scooter exuberante na forma como se apresenta, mas não deixa de conseguir causar no incauto apreciador, uma certa sensação de dúvida, como que intrigado com o que tem defronte….é no fundo um design que quase nos leva a pensar “Parece uma citadina, mas não o é somente! Parece uma simples scooter, mas é mais que isso! Parece uma 125, mas ao mesmo tempo parece que esconde muito mais do que mostra”.

O painel de instrumentos segue sensivelmente a mesma linguagem estilística daquilo que se conhece de outros modelos da marca, neste caso com três grandes mostradores analógicos (o do meio de maiores dimensões), bem assistido na sua base por um mostrador digital com diversas informações necessárias, ainda que sem ver aqui nenhum destaque merecedor de realce.
Tem tudo o que é necessário e a informação é de fácil e rápida leitura, mas cumpre-me dizer que, em condução, era obrigado a baixar um pouco a cabeça para ver a velocidade a que ia ou outra qualquer informação, não bastando um simples baixar dos olhos, dada a posição baixa e próxima a que se encontra o painel de instrumentos.




A capacidade de carga foi para mim uma gigantesca surpresa. Foi a primeiríssima vez que tinha constatado aquilo que comportava debaixo do banco, pois nem sequer em fotos me lembro de alguma vez ter visto tal pormenor.
Antes de o abrir, eu juro que pensava que cabia com dificuldade algum capacete jet, quanto mais um integral…e foi com um enorme espanto pessoal que verifico estar redondamente enganado.
A Beverly acabava de me dar uma chapada com luva branca, mostrando-me um espaço amplo e suficientemente fundo, capaz de albergar sem problemas 2 capacetes do estilo Jet, ou em alternativa, um capacete integral ou modular, sobrando ainda algum espaço.
Que belo trabalho no aproveitamento do espaço, Piaggio!
Fiquei deveras impressionado e por mais que olhasse de fora para o modelo, não entendia como tinham conseguido dissimular naquele design e de uma forma tão hábil, aquela generosa capacidade de carga.




Relativamente à posição de condução, deixou-me um nadinha desapontado….mas pensando agora de forma debruçada sobre o assunto, a culpa terei de a repartir também comigo mesmo.
É verdade que o banco se encontra bastante alto (795mm!), mas também não é menos verdade que a sua secção dianteira se encontra habilmente recortada de forma a acolher mais facilmente o seu condutor, possibilitando assim um mais fácil assentar dos pés no chão. Mas foi nas peseiras que me senti um pouco desconfortável, porventura por estar habituado a ter muito espaço e por conseguir circular com as pernas num ângulo mais descontraído, por contraponto aos 90º com que me via obrigado a estar na Beverly, sem possibilidade de mover muito o meu calçado de tamanho 43.
Assim, faço aqui um mea culpa, pois a scooter não é culpada por inteiro e o meu hábito de condução pode aqui estar a lesar injustamente aquilo que não passou de uma sensação de condução que era de alguma forma estranha ao corpo e ao hábito.

Quanto ao banco, que abordei acima como sendo um pouco alto, tinha nesta unidade um tom a atirar para o bordeaux e evidenciava uma grande qualidade sentida tanto ao nível visual como na apalpação que fiz ao mesmo, mostrando cada vez mais que o valor pedido por este modelo, ainda que à primeira vista fosse um pouco elevado, na verdade justificava-o e mandava abaixo barreira atrás de barreira, antes por mim carregada de algum preconceito.

E foi aqui que a coisa se complicou…

Eu tinha acabado de chegar de um test-ride na X10 350 momentos antes e, após de ter estado ali a apreciar demoradamente a Beverly 350, o mais sensato seria seguir imediatamente para casa, pois estava a ficar gelado, principalmente nas mãos e cara.

E que fiz eu? Pois….




Com o concessionário já fechado ao público e apercebendo-se o gerente que a minha vontade era prosseguir para outro teste, foi-me dada a possibilidade de a levar para casa, entregando-a no dia seguinte…
Porém e sabendo que as 2 unidades ali se encontravam cedidas pela Piaggio Portugal por tempo limitado, além de que na manhã seguinte algum cliente do concessionário poderia querer também ele levar a cabo um test-ride, entendi pegar nas chaves que estavam no canhão de ignição, perguntei a um dos 2 gerentes do concessionário se poderia aguardar por mim e a resposta foi a de sempre, com um sorriso franco nos lábios “Esteja à vontade, Isaac”.

Dirijo-me para a Beverly com o pensamento na minha mulher e nos meu filhotes, penitenciando-me por me dar a estas loucuras em fazer testes a horas tão tardias e lesando inclusivamente o tempo em família do próprio gerente, que poderia ter os seus próprios afazeres.
Sabendo que o “esteja à vontade..” não é o mesmo que esteja à vontadinha, monto-me na Beverly com o objectivo de ser rápido. Tão rápido que mentalmente já me imaginava fazer umas 2 ou 3 rotundas e voltar para trás, só mesmo para “matar o bichinho” que o modelo me estava a provocar cá dentro.

Mas…quem é que eu queria enganar!

Passei 1, 2, 3 rotundas…e agora mais um pouco…e mais um pouco…e quando dou por mim estou na outra ponta da cidade a conduzir a Beverly 350 com um gigantesco sorriso no rosto e ao mesmo tempo esmagado por aquilo que estava a vivenciar aos seus comandos.
Onde estava a tal scooter puramente citadina?
Onde estava agora aquele aspecto de scooter talhada para voos mais baixos?
Onde estava agora aquele preconceito que se escondera tão rapidamente logo que o punho direito rodou com mais determinação…?




Aquele mesmo bloco denominado Quasar, com 33,3cv e uns não menos expressivos 32,3Nm/6250Rpm, tinha-o testado cerca de 1 hora antes noutro modelo um pouco mais pesado, mais largo e mais baixo que este (Piaggio X10)…e que sensação tão diferente.
Eu sabia e estava consciente que era o mesmo motor, mas fosse pelo que fosse, aquilo que eu sentia era adrenalina pura com aquele modelo.
O ronco do motor não tinha qualquer assobio em desaceleração tal como tinha sentido na X10… Nesta, o som era bem mais audível, sem “filtros” de qualquer tipo a castrar o ronco que ela orgulhosamente demonstrava.
De tal forma que, quando rodava de forma mais atrevida o seu punho direito, ela dava-me a entender uma certa reprimenda, com um elevar rápido das rotações e respectivos decibéis, quase como que a dizer “Vê lá se é mesmo isto que queres…provocas-me e levas troco!”.

Fiz um circuito misto, com um pouco de estrada e cidade, numa noite gelada e com pouquíssimo trânsito àquela hora.

Roda-se o punho na Beverly Sport Touring 350 i.e…e a resposta é praticamente imediata, galgando velocidade no velocímetro com uma enorme rapidez e não beliscando minimamente a sua estabilidade. 
Seja em arranques desde parado, ou mesmo em retomas de velocidade, este motor Quasar da Piaggio é um portento de genica, capaz de transfigurar por completo o dia de stress de alguém, num dia de pura e agradável adrenalina se for essa a vontade do seu condutor.
Mas da mesma forma que a Beverly 350 é capaz de se lançar como uma seta à saída de qualquer semáforo (leva 7seg. para alcançar 100m desde parada, o que na prática significa apenas mais 0,2seg. que uma T-Max 530 ou 0,5seg. que uma C650GT!), não se nega também a uma condução mais tranquila, mais prazerosa…evidenciando uma total ausência de ruídos parasitas, independentemente do tipo de piso por onde se circule.

Em estrada a solidez do conjunto revelou-se notável, com uma direcionalidade muito precisa e transmitindo ao condutor uma leitura muito fidedigna das suas reacções.
Aliás, a este respeito não é estranho o óptimo trabalhar das suspensões neste modelo, que conta com forquilha telescópica hidráulica na frente e duplo amortecedor hidráulico com regulação de pré-carga em 4 posições na traseira.
Na prática, a absorção conseguida pelas suspensões tanto em estrada, como na calçada de uma cidade histórica como Évora, revelou-se impressionante!
Claro que aqui vem também ao de cima o facto de ter jantes de 16’-14’ bem revestidas por uns belíssimos CityGrip da Michelin, mas fiquei sobretudo impressionado com a forma como a Beverly 350 conseguia passar por cima daquelas pedras de calçada seculares, mostrando um à-vontade invejável…inclusivamente quando aqui e ali circulei a uma velocidade desaconselhável para aquele tipo de piso.




A protecção aerodinâmica oferecida não é nada má neste modelo da Piaggio, tendo circulado por algumas para lá dos 100Km/h sem me sentir desconfortável com a pressão do vento, fazendo apenas aqui um apontamento de que inicialmente estranhei bastante a proximidade do vidro frontal (a que não é alheia a posição de condução), ou seja, encontrava-me a cerca de um palmo ou pouco mais que isso. Mas passados uns 5min. após esta estranheza e desconforto inicial com a proximidade do mesmo, acabei por me habituar e percebi depois o porquê de proteger tão bem…é que a proximidade a que se encontra leva a que a deslocação do ar, que no topo do vidro era canalizado para cima, acabasse por me passar na zona superior do capacete.
Se estivesse mais recuado, provavelmente levaria com aquele fluxo de ar directamente em cheio na zona da viseira! Assim, posso e devo considerar que a Beverly consegue oferecer um nível de protecção aerodinâmico bom, tanto no tronco como na cabeça.
Quanto às pernas, achei-o satisfatório ou mesmo um pouco acima disso, pois apesar de o seu escudo não ser muito largo e a posição das pernas ir quase na extremidade da carroçaria (a largura do túnel central assim obriga), não me senti desconfortável com a passagem do vento.




Os travões mostraram eficácia mais do que suficiente para o percurso misto que fiz, ainda que não me tenha excedido propositadamente para ver quão bons eram na realidade. Consegui dosear a travagem como quis e entendi, recebendo dos mesmos uma sensação de controlo e confiança.
Esta unidade tinha ABS e ASR (este último e em síntese, trata-se de um sistema electrónico que detecta uma derrapagem ou velocidade excessiva e repentina da roda traseira, actuando em milissegundos para o corrigir). Com discos nas duas rodas, é o da frente que impressiona mais pelas suas dimensões, completando a maior parte do espaço no interior da jante (Disco de 300mm, com comando hidráulico).

Quanto a consumos, nem sequer me dei ao trabalho de verificar (nem me lembrei para dizer a verdade!). Quem compra um modelo como este, por certo não coloca sequer como determinante esse factor, cumprindo-me ainda assim dizer que a Piaggio voltou a impressionar-me no aproveitamento do espaço.
E fê-lo porque, além da sua fantástica capacidade de carga e da sua mecânica generosa que por certo ocupa um bom espaço inferior na Beverly....conseguiram colocar-lhe um depósito com capacidade de 13L de combustível.
Olhando para o modelo e revendo as suas dimensões compactas, não consigo perceber como conseguiram esta proeza, mas o que é um facto é que a Piaggio consegui-o!

Com um preço tabelado (à data de realização do teste) nos €5.706 para a versão base e €6.250 para a versão ABS/ASR…tendo por referência a qualidade evidenciada em numerosos aspectos, a capacidade e vivacidade proporcionadas pelo motor e as sensações conseguidas a bordo deste modelo, não posso dizer que seja propriamente um modelo caro e muito menos despropositado no valor que apresenta.

Terminando com um bonito slogan da Piaggio “We don’t just make vehicles. We change the way people move”, deixo assim este meu testemunho quanto a um modelo que me surpreendeu bastante e que no acto da entrega das chaves descrevi de forma emotiva como...fenomenal…situação que levou a que no momento da despedida, me fosse perguntado ainda dentro das instalações do concessionário: “Qual vai ser a cor…?”.




NOTA: Agradeço ao concessionário Motodiana pela habitual disponibilidade concedida e à Piaggio Portugal pela cedência desta fabulosa unidade de test-ride.
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Outubro 05, 2016, 21:46:52, 21:46
Responder #1

mneves

  • Motociclista: 4 estrelas ❇❇❇❇

  • Offline
  • ****

  • 3092
  • Sexo
    Masculino

    Masculino
Acho que li este texto 5 vezes,Isaac tu és único na forma como fazes isto,na qualidade das palavras...
Da Beverly sempre tive a ideia de ser uma premium na gama ,tem requinte qb e uns motores a condizer ,já vi algumas ao vivo e sempre pensei,que máquina
Sei que a Aprilia tem modelos muito semelhantes, são do grupo como sabemos,e sei de umas com este motor a venda aqui bem perto.
Vou continuar ..  sondando
membro numero 16

Outubro 06, 2016, 20:48:38, 20:48
Responder #2

João_Santos

  • Motociclista: 4 estrelas ❇❇❇❇

  • Offline
  • ****

  • 1964
  • Marca Motociclo: Honda
  • Modelo Motociclo: CB500X
  • Localidade: Coimbra - Viseu
Isaac como é linda a cidade de Évora á noite. Falo a sério já na altura não disse nada para não desvirtuar o teu Test.

João  :scooter: :scooter:

Outubro 07, 2016, 00:07:37, 00:07
Responder #3

Sapiens21

  • Motociclista: 5 estrelas ❇❇❇❇❇

  • Offline
  • *****

  • 18419
  • Sexo
    Masculino

    Masculino
  • Texto Pessoal
    Queira o bem. Faça o bem. O resto vem...
Obrigado pelas tuas palavras, Marco.  :nice:

E quanto à cidade de Évora...caro João, não poderia concordar mais.  :cool:


E agora....um teste à maneira.   :lolol: :megafeliz:

"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Dezembro 31, 2016, 13:48:43, 13:48
Responder #4

catb

  • Motociclista: 2 estrelas ❇❇

  • Offline
  • **

  • 105
  • Marca Motociclo: Piaggio
  • Modelo Motociclo: Beverly 350 ST
  • Localidade: Lisboa
Grande Máquina ,tenho uma e acho espectacular , aconselho todos os companheiros a experimentar antes de decidir
Um bom Ano 2017 , com saúde e sorte


Enviado do meu iPhone usando o Tapatalk