Casal Milita... ahhh pois é!

[JoãoPVCarvalho]

A malta que me conhece há mais tempo sabe que de vez em quando resolvo inventar umas soluções "diferentes" para problemas comuns...
Desta vez elevei a fasquia e proponho-me a um trabalho que exige rigor, pesquisa, paciência e algum investimento.

Adquiri recentemente a motorizada do meu Sogro. Ele já não fazia uso dela há vários anos e a muito custo lá o consegui convencer a confiar-me a máquina.

Um pouco sobre a história deste exemplar:

Estamos a falar de uma Casal Fundador de 1968 de montagem rara.
Pelo que consegui apurar na empresa que a montou M.Militão&Leal (ainda existe em Marinhais) só foram montadas 1000 unidades, o negocio não correu como o esperado e o Sr. Militão passou a comercializar motorizadas da marca Masac que curiosamente são muito parecidas com esta.
Este exemplar foi adquirido pelo meu Sogro em 1968. Na altura ele era funcionário da empresa e participou na montagem deste e de outros exemplares. passado algum tempo o meu sogro passou a trabalhar por conta própria na reparação de motores de rega e este era o seu veiculo de trabalho. Aqui reside a explicação para o estado de conservação em que se encontra mas também por aqui se explica que um modelo com 53 anos ainda hoje pega de primeira e funciona tudo sem qualquer problema.

Esta pequena motorizada tem uma participação muito importante na história familiar da minha esposa. Guarda ainda várias recordações que fez com o seu Pai em deslocações para a escola, ou simplesmente para ir à Vila fazer compras. Nela viu os seus irmãos mais novos a repetir o que ela já havia feito e até a aprenderem a andar de mota.

Enfim, tenho em mãos um desafio interessante mas carregado de mística e responsabilidade.

Se alguém tiver mais informações a respeito deste exemplar ou sobre "regras de um bom restauro" são muito bem vindas.
Eu vou actualizado aqui a evolução deste restauro.

[saraiva]

Cá estamos para acompanhar esse projecto.

Adoro restauros de veículos, assisti de perto ao restauro duma giulieta (Alfa) que achei fascinante.

Espero que ponhas um enorme sorriso na cara do teu sogro, quando vir a milita novinha.

[MaisUm]

Vai dar luta, desejo os maiores sucessos nessa tão importante missão.

[JViegas]

Vou seguir atentamente este tópico.

Imagino a carga de trabalhos, mas sabendo da história dela, da ligação afetiva que existe e de ser um exemplar muito único de produção Portuguesa, acho que (e não percebo nada disto) tens aí uma fénix à espera para renascer.

Boa sorte.


Nota: assim à primeira vista desmanchava e começava a catalogar tudo (com fotos e algumas embalagens/caixas) e a limpar o que for possível. Renovava-lhe a ligação elétrica e... bolas tenho que arranjar uma máquina para aprender a restaurar.

[NT]

Claramente um tópico a acompanhar e fico a aguardar por actualizações.

[AndréAlves]

Sem dúvida é um restauro com muita responsabilidade e com muita expectativa... Olha que esses são os piores trabalhos! Mas no final o reconhecimento valerá a pena, é um trabalho nobre... Acho que toda a gente adora ver restauros portanto podes contar com muito público aqui para acompanhar a viagem 

[António Teles]

Tem aspecto para vir a ficar uma estrela entre as clássicas.
Bom trabalho pois não é uma bricolaje fácil.

[replicantz]

Ainda há dois meses, em Marinhais, tentei deitar a unha a uma semelhante mas o dono não está para aí virado
Nem sei a marca/modelo mas o estado geral é semelhante. Na volta também foi vendida pelo Militão&Leal, vou tentar saber mais.

PS: a próxima vez que for a Marinhais mando PM

[Joao_Cruz]

Boas João. De restauro não percebo nada, mas dá para perceber que te vais meter num grande, mas bom e salutar trabalho.
Boa sorte.
Abc

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[VCS]

Se a ideia é restaurar, respira fundo. É um processo que exige persistência, determinação e resistência à frustração sempre que estiver um martelo à mão.
Sendo uma motorizada portuguesa isso tem uma vantagem e um inconveniente: a vantagem é que são máquinas extremamente simples, em muitos aspectos rudimentares. São acessíveis como 1º projecto de restauro e fáceis de trabalhar. Nada de complicado irás encontrar.
O inconveniente é que do ponto de vista do valor acrescentado será sempre a enterrar dinheiro.
Mas tendo esse valor familiar e sentimental, o factor investimento facilmente se torna secundário.

Outra coisa: o Pedro Pinto tem várias publicações sobre motorizadas portuguesas (revistas e livros editados), pesquisa porque podem ser uma boa fonte de informação.

Boa sorte !

[JoãoPVCarvalho]

Se a ideia é restaurar, respira fundo. É um processo que exige persistência, determinação e resistência à frustração sempre que estiver um martelo à mão.
Sendo uma motorizada portuguesa isso tem uma vantagem e um inconveniente: a vantagem é que são máquinas extremamente simples, em muitos aspectos rudimentares. São acessíveis como 1º projecto de restauro e fáceis de trabalhar. Nada de complicado irás encontrar.
O inconveniente é que do ponto de vista do valor acrescentado será sempre a enterrar dinheiro.
Mas tendo esse valor familiar e sentimental, o factor investimento facilmente se torna secundário.

Outra coisa: o Pedro Pinto tem várias publicações sobre motorizadas portuguesas (revistas e livros editados), pesquisa porque podem ser uma boa fonte de informação.

Boa sorte !

Obrigado vou pesquisar.

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[JoãoPVCarvalho]

Primeiro dia...

Por agora as coisas parecem simples e fáceis. Alguns parafusos podres a pedir rebarbadora, de resto tudo se desmonta com relativa facilidade.

As primeiras surpresas desagradáveis também se começam a mostrar:

Sinais de reparações ao nível do quadro, soldaduras que nem consigo classificar, roscas moidas substituidas por SOLDADURAS , peças adaptadas, nomeadamente o carburador de diâmetro superior ao de origem, o banco é de uma Zundap, enfim. Um desafio.

O melhor disto tudo é o entusiasmo do meu puto que não tem medo de meter as mãos no óleo e quer participar em todas as tarefas. Um verdadeiro projecto de família.

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[dfelix]

O motor é o tradicional "casal de 4" que equipa muitas outras motorizadas nacionais e que certamente se encontrará peças para ele.
Mas se está a funcionar, acho que bastaria lhe dar uma limpeza.

Parece-me que o desafio será mesmo restaurar corrosão e amassos para pintar de forma mais fiel ao original.
O que pode ser um problema no caso do depósito. Já que aqueles logos não serão fáceis de restaurar. Inventar só os irá estragar... e não choca que fiquem assim!

Boa sorte com o restauro. E não percas o ritmo!
O problema da grande maioria deste tipo de aventuras é que a malta começa entusiasmada... e mal surgem as primeiras dificuldades remetem o trabalho para segundo plano. O que leva a que acabem por passar a caixas de peças arrumadas anos a fios no canto duma garagem.

Vai dando novidades!

[JoãoPVCarvalho]

É isso tudo dfelix... Manter o ritmo.
Assim a carteira o permita.

Esta Casal é um pouco mais antiga do que habitualmente se encontra por aí. Foi fabricada "montada" em 1967. Trata-se de um motor de duas marchas accionadas pelo punho esquerdo (como as Vespa), com uma particularidade interessante, o kick aciona a embraiagem e não o veio da cambota, ou seja a mota engatada não pega. Outra curiosidade é que a mota por defeito engata a segunda, ou seja, para usar a primeira mudança é necessário engatar e segurar levemente o manipulo até largar a embraiagem e depois logo que se carrega na embraiagem novamente ela sobe automaticamente com o auxílio de uma mola para a segunda velocidade. Isto tem uma segunda utilidade, sempre que o motor pára e largamos a embraiagem ela engata a segunda fazendo com que a mota fique travada.
Confesso que a principio julguei que fosse alguma avaria que levava a mota a engatar a segunda mas após alguma investigação fiquei a saber que é mesmo este o funcionamento correcto. .

Aquele depósito é um verdadeiro pincel, as chapas são cravadas com rebites de cobre aparentemente antes do depósito ser fechado, tentar remover é muito arriscado e ainda não sei como vou abordar o problema. Para já vou continuar a investigar. No entretanto tenho muito que fazer ao nível da limpeza das peças.
Outro desafio vai ser encontrar as cores originais, vou ter de levar algumas peças que ainda conservam as cores originais a um pintor para afinar as tintas e muito provavelmente para fazer todo o trabalho de pintura ficando eu só com a recuperação da chapa... Enfim, planos, mas tudo ainda numa fase em que nada está decidido.

Vou mantendo o tópico atualizado, pode ser que apareçam por aí algumas sugestões úteis para abordar os desafios que se apresentam.

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[NT]

Só por estares a fazer isso com o puto, já está a valer a pena. É tempo de qualidade passado com ele, do qual se irá recordar sempre.

[JoãoPVCarvalho]

E bem malta.

Com muita, muita paciência. Com muito jeitinho, lá consegui remover os logótipos do depósito. Agora é também possível ver com pormenor as cores originais visto que por baixo das chapinhas a tinta foi preservada dos raios UV e manteve as tonalidades originais.
Depois de uma boa limpeza, também foi possível perceber o esquema de pintura.

Enfim, um trabalho lento, um exercício de paciência e que não se pode ter pressa.

Aliás, o gozo destas coisas é mesmo "o durante" porque no fim, só serve para mostrar aos amigos.

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[JViegas]

Realmente é impressionante que a cor original ainda esteja visível depois de tantos anos de vida, mesmo que protegida com os logotipos do fabricante.

Ainda agora estás no inicio mas nota-se claramente o teu prazer neste trabalho de recuperação.

Continua. 

[saraiva]

Só por estares a fazer isso com o puto, já está a valer a pena. É tempo de qualidade passado com ele, do qual se irá recordar sempre.

Isso. É certo que nunca esquecerá. 

Com muita, muita paciência. Com muito jeitinho, lá consegui remover os logótipos do depósito. Agora é também possível ver com pormenor as cores originais visto que por baixo das chapinhas a tinta foi preservada dos raios UV e manteve as tonalidades originais.
Depois de uma boa limpeza, também foi possível perceber o esquema de pintura.

Vais tentar recuperar (exactamente) as cores originais? Como vais fazer?
Esse azul parece um schema muito específico.