Bom tema
IOT é (ou tem potencial para ser) bem mais do apenas permitir-nos obter informação remotamente. Uma das vantagens e objectivos do IOT é dotar os devices de capacidade de comunicação mas também, na medida do possível, de inteligência para os tornar autónomos e executar certas tarefas por nós.
Exemplo:
Um frigorifico "IOTificado" pode ter estas funcionalidades, de forma cumulativa.
A base do sistema funciona por ligação à rede local e diversos tipos de análise aos produtos dentro do frigorifico (código barras, reconhecimento imagem, sensores de peso e cheiro, etc.)
A partir daí, podem ser adicionadas estas funções autónomas e/ou cumulativas:
- Detectar e manter uma lista das existências dentro do mesmo
- Manter lista da validade dos produtos
- Manter lista da composição dos produtos
- Analisar aromas que circulam dentro do frigorifico para detectar produtos em decomposição, contaminação, fungos, etc.
- Emitir alertas para remoção dos produtos estragados e/ou fora de prazo
- Enviar mensagem com recomendação de produtos alternativos com menos teor de açúcar/sal/gordura
- Criar automaticamente ordens de encomenda no serviço [Supermercado] Online para compra e entrega de produtos de reposição
- Sugerir receitas para as diversas refeições com base nas existências dentro do frigorifico
- ...
Já na área dos veículos, outro dos exemplos é um consórcio liderada pela Siemens que anda a testar à uns anos é baseado em mesh-networks.
O objectivo é que todo o tipo de veículos tenha uma ligação de rede permanente (Bluetooth, BLE/RSL10, WiFi, 4/5G...).
Por proximidade isso permitirá criar uma rede inteligente e totalmente autónoma para gerir o tráfego dentro das cidades, actuando nos comandos do próprio veículo bem como em toda a infraestrutura de suporte (semáforos, por exemplo).
O objectivo é que o sistema funcione como uma espécie de entidade viva, que faz a gestão do tráfego de forma inteligente e autónoma, da forma mais eficiente possível.
No caso específico das motos: temos assistido a um aumento da oferta em relação a dispositivos autónomos ou semi-autónomos, dotados de alguma inteligência e ligação em rede, mas nada de extraordinário, do que conheço.
Os exemplos mais directos são os trackers GPS e a integração de várias sistemas unificados em smart-helmets.
Mas acredito que existe ainda muita margem para progressão.
Um dos entraves tem sido a fragmentação dos vários sistemas.
Cada fabricante oferece um conjunto de certos recursos e funcionalidades, que muitas vezes acabam sobrepostos entre dispositivos.
Por exemplo, os GPS dedicados usam os seus próprios mapas em vez dos já presentes no smartphone. Que também tem chip GPS.
Requerem ligação Bluetooth para enviar as instruções para os auriculares/intercoms. Mas apenas isso.
Para termos deteção de queda com chamada/SMS automáticos para serviços emergência ou contactos, já requer outro dispositivo. Que também precisa de ligação Bluetooth aos auriculares para podermos falar com alguém em caso de queda e imobilização.
As motos têm uma centralina que contém dados em tempo real sobre todos os sistemas. Que não podemos usar porque não existe forma de obter os mesmos em tempo real por leitura via ligação Bluetooth, por exemplo. E que permitiria melhorar comportamento, estilo condução, rentabilizar combustível, obter alertas manutenção ou potenciais falhas, etc.
Não é por acaso que a maioria dos utilizadores passou a usar o smartphone em detrimento dos sistemas GPS dedicados.
Precisamente porque ainda assim é um dispositivo omnipresente que agrega a maior parte de funcionalidades e serviços.
Esta problemática é o motor dos chamados capacetes inteligentes: o objectivo é agregar o maior número de funcionalidades de forma integrada.
Para não fugir muito ao repto do tópico: Na óptica IOT, o que considero de bastante interesse são todos os dispositivos que usam sensores e GPS para detectar quedas, e ligação GSM/2/3/4GB para iniciar uma comunicação de alerta aos serviços de emergência de forma totalmente autónoma.
É um excelente exemplo dos benefícios que se podem alcançar com dispositivos inteligentes, que funcionam de forma autónoma e com potencial para incrementar a nossa segurança em várias ordens de grandeza.
Um sistema destes pode, no limite e casos extremos, significar a diferença entre a vida e a morte - quando há uma queda naquela ravina em off-road e ficas ferido e imobilizado sem hipótese de recorrer a nenhum tipo de ajuda a não ser aguardar que te procurem. Ou o INEM saber exactamente quando e onde aconteceu e estarem lá a prestar assistência, no menor tempo possível.
E fico por aqui, que já me estou a alongar muito