Autor Tópico: TEST-RIDE > HONDA NM4 VULTUS - Test-Ride Surreal...  (Lida 2410 vezes)

Maio 23, 2016, 00:18:46, 00:18
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Sapiens21

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HONDA NM4 VULTUS - Test-Ride Surreal...


O que é aquilo?

Olha lá o que ali vai!

Hiii…ouve lá, aquilo é mesmo uma mota?

Nunca vi nada igual…bué’de esquisita, meu!

Hiii…muita fixe!

Mira Mira…pero que guapa está…

Hoje tive finalmente a oportunidade de andar na Honda NM4 Vultus e as expressões de espanto e total desconhecimento perante a passagem deste modelo, eram mais do que muitas ao longo de todo o teste…teste esse que começou bem cedo e logo ao abrir das portas do concessionário Motodiana.

Mas não eram só as expressões acima indicadas que me causavam um gozo imenso de ouvir……eram também as reacções!!!

Se me aproximava da traseira dos carros, automaticamente se desviavam da minha frente para me dar passagem e as pessoas…bem…as pessoas com que me cruzava voltavam a cabeça à minha passagem, enquanto tentavam perceber que tipo de moto era aquela, de ar tão agressivo…tão fora do normal! Até um enorme grupo de Espanhóis se deteve junto ao Templo de Diana para tecer rasgados elogios a esta moto diferente de todas as existentes no mercado…



Na verdade, devo dizer em jeito de confissão que nunca me senti tão bem por estar a conduzir um modelo tão chamativo…a minha maxiscooter p. ex. passa completamente despercebida e com esta, o que senti, ouvi e via com os meus próprios olhos, era o espanto, a estupefacção…as pessoas ficavam boquiabertas com a máquina.

Tive o cuidado (foi de propósito…vá) de a levar a percorrer algumas das artérias principais da cidade de Évora e parar em locais emblemáticos da mesma e nessa altura detive-me a apreciar, também eu, todo aquele aparato de um design que parece ter saído directamente do filme “Mad Max”….no fundo, goste-se ou não, a Honda parece ter conseguido plenamente o que pretendia ao lançar este modelo…marcar a diferença! E aí meus amigos, diferença é mesmo com ela!



Com uma frente agressiva e de onde parecem sair objectos cortantes e pontiagudos que ladeiam o farol, numa inspiração que só vejo reflexo nos Decepticons do filme Transformers, uma grande roda frontal com jante de 18´ polegadas, disco de travão enorme em forma de pétala e perfurado e…toda uma zona frontal com uma largura que só terá comparação na gigantesca GoldWing, este modelo logo ao primeiro olhar causa um forte impacto que, curiosamente, se vai amenizando à medida que o olhar caminha para a secção traseira…essa sim bem mais consensual.

O peso não o achei particularmente intimidatório, apesar do que o generoso porte poderá fazer sugerir, sendo que a explicação para tal estará precisamente no seu assento muitíssimo baixo, que possibilita um assentar perfeito dos pés no chão por qualquer tipo de estatura, além de que com este banco pode usufruir-se de uma fantástica característica que é a possibilidade de o banco do pendura poder servir igualmente de encosto para o condutor sempre que se anda a solo…..Ainda por cima possibilita regulação na inclinação por forma a encontrar a melhor posição possível aos comandos desta máquina. O modelo é tão extravagante no seu design, que curiosamente esta característica do assento até acho que foi um pormenor bem pensado e com uma utilidade que só mesmo experimentando se lhe dá valor.

Já que falei de posição de condução, devo dizer que é muito fácil sentirmo-nos perfeitamente “encaixados” no modelo, com um assentar perfeito das mãos no guiador, um banco que nos acolhe sem problemas de qualquer ordem, uns espelhos de generosas dimensões que facilitam bastante o gozo que se retira em mirar o ar de espanto do(a) condutor(a) que se tenta aproximar para ver melhor o que ali segue, umas peseiras largas e compridas para, a belo prazer, se escolher onde se querem os pés, enfim…uma posição de condução que rapidamente se torna confortável e intuitiva, em andamento ou parado.



Quanto à secção traseira da moto está quase toda ela dominada pela curvatura descendente da carroçaria bem ao estilo chopper, sem esquecer um gigantesco pneu com umas medidas que impressionam quem quer que a veja dessa perspetiva…200/50 ZR17. Com o encosto rebatido e totalmente plano, a Vultus parece ganhar uma identidade diferente, pelo que quem a vir apenas desta perspectiva e com o banco rebatido, não faz a mais pequena ideia qual o modelo que ali segue, identificando-a muito provavelmente com uma chopper um pouco mais radical que faz igualmente uso de pneu traseiro avantajado.



O painel de instrumentos é que parece ter sido o que mais consenso pareceu reunir, pois até mesmo enquanto me encontrava no concessionário e uma ou outra pessoa espreitava, diziam gostar do que viam e daquela informação futurista. No fundo, a Honda adoptou propositadamente um design super controverso para toda a carroçaria…e colocou um painel de instrumentos super informativo, moderno, de bom gosto e bonito efeito estético assim a modos que a apelar ao futurista (aliás, para quem não sabe, até dá para mudar a cor de fundo ao nosso gosto!!!)  _pol_



A mecânica, essa…não me causou surpresas, pois de antemão já sabia trata-se da unidade motriz presente nas NC’s/Integra 750.
Este motor de forte binário, aliado ao sistema DCT de 2ª geração, tornam a condução da Vultus suficientemente similar à facilidade com que se conduz uma maxiscooter!!!! Isso mesmo, leram bem...conduz-se com o mesmo à-vontade e facilidade de uma qualquer maxiscooter!  Aquele ar de moto bad boy e que parece pronta a lançar uns mísseis à primeira provocação, é na verdade um carneiro em pele de lobo, pois apesar de fazer uso de um chassis competente e partilhado com os modelos anteriormente referidos, as mudanças operadas não lhe permitem um tão grande à-vontade para ser conduzida de forma empenhada, sendo relativamente fácil raspar com as peseiras quando se abusa um pouco mais em rotundas com um diâmetro mais apertado. Este é, na realidade, um modelo para ser conduzido de forma mais prazenteira no sentido do desfrutar de um andamento calmo, sem stress e sem ter propriamente a velocidade como uma prioridade. Aliás, quem pensar na compra deste modelo, não me parece que possa ter na sua lista de “must have” a velocidade ou as emoções fortes ao guiador.
Não é que não possa atingir velocidades bem para lá do legalmente permitido, mas senti algum desconforto ao fazê-lo devido à deslocação do ar na zona do capacete que se tornava incomoda ao aumentar o ritmo imposto.

Aqui com os porta-luvas abertos....na lista de acessórios deve dar para instalar uns mísseis, de certeza! ;)


Em empedrado e apesar das rodas com jantes de boas dimensões, achei que poderia haver um pouco mais de filtragem e a dada altura e em ruas e ruelas mais históricas, os meus pés saltitaram um pouco em cima das peseiras. É verdade que o empedrado da zona histórica da cidade de Évora é um caso muito sui generis pois é o perfeito oposto da suavidade, mas o curso das suspensões também não deviam ter muita amplitude e...bem, nestas condições algo singulares apenas posso dizer que era…aceitável.
Já na estrada, tudo se passa de forma bem mais serena e depois de a ter testado em diversas velocidades, fiquei convencido que era a uma velocidade até em torno dos 110Km/h que maior prazer se obtinha na sua condução, pois daí para a frente o efeito do vento que nos é canalizado torna-se incomodativo com o passar do tempo.



O som produzido pelo escape é, sem tirar nem por, aquele que se conhece p.ex. da Integra e, apesar de não destoar do package geral que é esta Vultus, leva-me a crer que um qualquer comprador deste modelo, a dada altura, vai optar por ali colocar algo mais radical e condizente com o aspecto da máquina. Ainda assim devo dizer que o som a baixa velocidade se foi tornando mais agradável à medida que também a temperatura dos órgãos mecânicos foi aumentando…



Para o final deixo os consumos e o preço!

Se os consumos foram sempre ridiculamente baixos e praticamente ao nível de muitas scooters com 125cc (média conseguida inferior 4L/100Kms), já o custo final deste modelo é….como hei-de dizer….é o preço a pagar por ter uma máquina diferente de todas, muito chamativa, com um design algo controverso é verdade, mas com uma qualidade real e percepcionada muito elevada.
No geral gostei muito da experiência e do que o modelo me transmitiu de uma forma inédita, mas….vou guardar os meus tostões, pois não me veria a comprar este modelo que um dia, por certo, se tornará quase um objecto de colecção!



Não é um modelo para vendas em massa, mas sim um exercício de estilo em que….pelo que pude constatar ao longo de uma manhã passada entre companheiros das 2 rodas e entre numerosos turistas que visitavam a cidade, consegue marcar a diferença, consegue ser o veículo condutor de uma experiência surreal e que nunca senti com nenhum outro modelo até hoje por mim testado!
Este modelo poderia chamar-se, sem exageros Honda LOOK AT ME...



AGRADEÇO À MOTODIANA PELO PROPORCIONAR DESTE TEST-RIDE TÃO ESPECIAL!   :)
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama