Autor Tópico: O que deve ter em conta quando se compra uma mota usada  (Lida 13273 vezes)

Março 05, 2017, 17:28:41, 17:28
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Moto2cool

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Dado que estas perguntas se fazem frequentemente, preenche-se uma lacuna de conselhos para comprar mota usada. Porque também sei pouco disso, limito-mer a reproduzir o texto abaixo, obtido em: http://www.motofan.pt/noticias/12-dicas-a-ter-em-conta-quando-se-vendecompra-uma-moto-usada/8934


1-      Em caso de compra de uma moto usada num concessionário ou stand, assumimos que respeitaram as leis em vigor para o comércio especializado de motociclos, nomeadamente em termos de revisões e garantias. Apesar de não ser obrigatório, recomenda-se que os motociclos sejam todos revistos antes da venda pois podem ter estado parados durante alguns meses e necessitar de componentes novos. Já no quem diz respeito à garantia, todos os concessionários são obrigados a dar 2 anos de garantia ou 1 ano por mútuo acordo;

2-      A transferência de propriedade deve ser efectuada o mais rápido possível (no prazo de 2 semanas) na presença do vendedor e do comprador de forma a agilizar todo o processo. Desta forma o comprador fica de imediato com um documento oficial que lhe confere a propriedade da moto e é possível verificar se a mesma não tem penhoras ou IUC em falta ou quaisquer outros problemas imputáveis ao anterior proprietário;

3-      Todos os documentos devem estar em bom estado de conservação e devem ser apresentados na hora de transferir a propriedade. No caso do vendedor, este deve apresentar o documento to único do veiculo, Cartão de cidadão. O comprador deverá apresentar apenas o seu cartão de cidadão;

4-      O estado da moto deve ser sempre acautelado. Tem as revisões em dia? Os Quilómetros apresentados no odómetro são reais? A moto teve apenas um dono ou vários? Todas estas perguntas devem ser feitas e, caso seja necessário, o historial da moto poderá ser pedido nos concessionários onde a moto sofreu qualquer tipo de intervenção, assim como o livro de revisões;

5-      As motos novas apresentam sempre uma garantia de 2 anos que não caduca de qualquer forma com a transferência de propriedade, apesar de algumas marcas exigirem prova escrita da venda. Desta forma é possível levar a moto a um concessionário oficial para inspeccionar a moto de forma a assegurar o seu correcto funcionamento. Na impossibilidade de efectuar esta inspecção deve ser pelo menos feita uma análise visual da moto. Quaisquer riscos ou amolgadelas podem ser sinal de uma queda, que pode ou não ter afectado o funcionamento da moto;

6-      Quaisquer defeitos na moto devem ser evidenciados ao vendedor. Riscos no escape, manetes ou poisa-pés podem indicar uma queda. Já o guiador deve ser inspeccionado para ver se não ficou empenado, o que poderia causar problemas de estabilidade. Apesar de poderem não ter qualquer influência no óptimo funcionamento das motos, quaisquer defeitos podem servir para negociar um melhor preço;

7-      Nos modelos desportivos o estado dos poisa-pés pode indicar o ritmo de condução do anterior proprietário. Poisa-pés roçados indicam um condutor que “puxou” mais pela moto, pelo que as revisões da mesma ainda se tornam mais criticas;

8-      O estado dos discos e pastilhas de travão devem também ser analisados. Discos que não girem no mesmo plano podem estar empenados e requere substituição imediata. Também a corrente deve ser substituído caso já não se encontre em bom estado de conservação. A substituição da corrente implica também substituição do pinhão de ataque;

9-      Os pneus devem apresentar sulcos com um mínimo de 1.6mm. Quaisquer rachas ou endurecimento excessivo dos mesmos são motivo para a substituição dos pneus. A suspensão deve mover-se de forma suave e não brusca e claro, não deve apresentar fugas nas forquilhas.

10-   Todos os componentes electrónicos devem ser testados de forma a assegurar o seu correcto funcionamento. Nas motos com ABS a luz avisadora deve desligar-se ao fim de uns metros, caso contrário poderá o sistema ter algum defeito. Já o motor só pode ser testado dando uma volta com a moto, rodando a caixa com o motor frio e depois quente. Qualquer fuga de óleo nas juntas deve ser corrigida de imediato;

11-   Ao comprar uma moto pode-se colocar a questão: Particular ou concessionário? Nos concessionários existe sempre garantia e qualquer peça defeituosa poderá mais facilmente ser substituída. No entanto o particular poderá vender mais barato e, de qualquer forma, o particular poderá sempre ser chamado à barra da lei por uma venda que não corresponda ao acordado, no entanto o custo e morosidade serão certamente maiores. Entre um método e o outro, apenas o produto a adquirir e a vontade do comprador variam, tendo ambos pontos positivos e negativos;

12-   Deve existir sempre um preço de referência, nem muito alto nem muito baixo, com o qual se possa orientar o negócio e criar uma “janela” de preço pelo qual se espera vender a moto. Desde que o preço se encontre dentro destes limites e a moto esteja em boas condições, o vendedor não se deve preocupar pois raramente, entre particulares, se consegue vender as motos pelo preço inicial, havendo sempre espaço para a negociação.

E com estes conselhos deixamos os motociclistas “navegar” no nosso site onde podem encontrar uma grande secção de motos usadas e caso decidam trazer uma nova companheira de viagem para a garagem, não se esqueçam de aplicar estes conselhos

Na parte da avaliação mecânica:

Spritmonitor.de" border="0 Suzuki VStrom 650
"Viver a vida não é esperar que a tempestade passe, é aprender a andar à chuva"

Março 06, 2017, 13:14:13, 13:14
Responder #1

Sapiens21

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Boa partilha moto2cool.  :nice:

Gostei das indicações dadas, ainda que naturalmente nem tudo seja "preto no branco" quanto a certas questões, mais ainda porque uma moto usada pode ter simples desgaste normal de certas peças ao invés de um tipo de utilização específico.
Também no caso de motos deixadas em garagem VS na rua, também podem ter algumas diferenças visíveis nos plásticos e pintura, o que não quer dizer que não se faça um bom negócio na mesma e ao nível mecânico a que "dorme" na rua até revele cuidados regulares na manutenção.  :nice:


(....)
7-      Nos modelos desportivos o estado dos poisa-pés pode indicar o ritmo de condução do anterior proprietário. Poisa-pés roçados indicam um condutor que “puxou” mais pela moto, pelo que as revisões da mesma ainda se tornam mais criticas;
(....)


Adorei este ponto 7... :lolol:  Achei interessante a indicação nos "cuidados a ter" quando se compra uma usada.   :D
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Março 06, 2017, 15:12:25, 15:12
Responder #2

dfelix

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Deixo aqui uma check list que postei num forum "concorrente".

Corresponde ao padrão que tenho usado sempre que vejo motos para mim ou quando alguém me pedem para o fazer.
Portanto, vale o que vale.

Isto foi escrito de cabeça e portanto poderá falta coisas que me posso ter esquecido.
Mas, acaba por ser uma lista um pouco mais pragmática que a anterior.

Espero que seja útil.


Citação de: 'dfelix'
Poderia ficar aqui uma hora a escrever.. mas vou perder apenas 5 minutos do meu precioso tempo...

Quanto ao motor:

- Verificar se existe "óleo babado" nas zonas de encaixe das tampas, cárter e cabeça. O material deverá ter um aspecto seco. Desconfiar quando o motor está gordurosamente lustroso.

- Verificar se o material das tampas e cárters não está estalado junto das zonas de aperto.

- Verificar os parafusos das tampas de motor e sobretudo os da cabeça. Procurar sinais de desgaste ou má utilização de ferramenta.
Por norma os parafusos são seladas com um risco de tinta. Confirmar esta marcação. Questionar o proprietário sobre as razões de tal intervenção caso aparente tal.

- Verificar o aspecto do aperto do tensor. Verificar se há marcas de ferramentas nos parafusos.

- Observar a coloração dos colectores. Ao longo do envelhecimento da moto estes vão mudando de cor passando pelo amarelo até atingir o castanho escuro quase preto. Alguns materiais durante um período de tempo podem apresentar a cor azulada.
A mudança de cor deverá ser gradual e progressiva desde a saída do motor até cerca de 50cm. Motos com pouca quilometragem deverão ter um estado de colector a condizer.
Nenhuma moto com 15.000 km reais tem os colectores completamente torrados a não ser que tenha levado valentes esfregas.

- Ligar o motor e perceber se "custa" a pegar. Desconfiar quando o motor de arranque dá mais mais de 3 a 4 ciclos para arrancar.

- Com o motor ligado escutar a zona das válvulas. Desconfiar de batidas secas como se fosse uma máquina de costura. Ouvir várias motos identicas para ter uma referencia é boa ideia.

- Com o motor ligado apertar a embraiagem. O som da caixa deverá mudar ligeiramente de tom.

- Verificar o estado do miolo do escape e respectiva cor que deverá ter uma cor cinzenta acastanhada. Não deverá ter aspecto oleoso nem parecer que tem uma uma camada espessa de carvão.


Quanto às suspensões:

- Verificar o estado dos retentores. A borracha deverá estar com aspecto saudável e sem sinais de fissuras e muito menos marcas de óleo.

- Apertar o travão e puxar a moto para trás/frente e testar a forquilha. O afundamento deverá ser progressivo e sem sentir "prender".

- Apertar o travão e puxar a moto para trás de forma a esticar a forquilha ao longo do seu curso. Analisar eventuais marcas ou vincos. No caso de um acidente que empene a forquilha, as marcas vão estar na zona junto ao aperto na mesa e no local de curso mínimo.

- Verificar se o amortecedor traseiro não tem "oleo babado". Caso seja regulável verificar se não está já na sua carga máxima e testar sentando na moto. Usar o peso do corpo para verificar até que ponto este movimento influencia o esticar a corrente.

Quanto a travões:

- Passar os dedos nos discos e procurar sinais de desgaste. O discos deverão estar sem irregularidades na zona onde a pinça aperta. Em motos com 50K+ poderá se sentir uma irregularidade na extremidade, mas não deverá sentir como se estivesse afiada.

- Travar ao máximo e depois largar. Em seguida dar alguns passos com a moto à mão e sentir se o disco não raspa nas pastilhas, o que poderá significar um disco empenado.

- Procurar sinais de "óleo babado" ao longo de toda a linha, desde o aperto dos tubos na maxila ao aperto na manete. Verificar em torno da tampa do reservatório do fluido.

Quanto á ciclistica:

- Verificar as pontas dos pesos, manetes e dos espelhos por raspadelas que podem não significar um acidente, mas um descuido com danos ligeiros.

- Verificar o pedal de travão e selector de caixa se não está dobrado ou se já foi dobrado. É normal num descuido em que a moto tombe este dobrar, e ao ser endireitado o metal ter ficado vincado.

- Verificar se os suportes das peseiras têm vincos ou sinais de desempeno.

- Procurar marcas nas principais zonas estruturais da moto, nomeadamente onde o braço oscilante e a forquilha é fixada por tinta estalada, vincos ou por camadas de pintura que não pareça ser a original.

- Verificar o aro das jantes por marcas de pancadas, zonas onde pareça "alargar" ou eventuais estalos no alumínio. No caso da moto ter descanso central é muito mais fácil verificar por eventuais empenos.

- Procurar marcas/danos nos apertos dos eixos das rodas e afinadores de corrente.

- Visualmente tentar perceber se a distancia dos punhos ao tanque é idêntica para ambos os lados.

- Se possível experimentar a moto, verificar em andamento o ponto acima. Tirar as mãos do guiador com a moto embalada e sentir se ela pende para um dos lados. Aplicar um pouco de travão traseiro e verificar novamente.

- Verificar o estado dos pneus. Quando os mesmos apresentam desgaste elevado, sobretudo o da frente estar "escadeado" ou com grande desgaste nas extremidades os testes anteriores podem ser negativamente influenciados.

- Verificar o kit de transmissão dentro do que é possível observar. A cremalheira deverá ter os dentes direitos e andando com a moto à mão corrente deverá manter a sua forma. Desconfiar de corrente demasiado lubrificadas ou demasiado secas.


Outros:

- Verificar o aspecto da cablagem que normalmente está visível junto do forquilha por eventuais fios partidos ou amassados.

- Verificar a cava da roda por eventuais danos, cortes ou modificações caseiras mal feitas.




Março 06, 2017, 19:06:55, 19:06
Responder #3

Sal

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@dfelix....boas dicas essas. Algumas são senso comum para mim mas há outras que estão bem pensadas!


Março 06, 2017, 22:12:44, 22:12
Responder #4

Sapiens21

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Bons indicadores aqui deixados, Dfelix.

Permite-me só adicionar ao referido para os pneus, algo que por norma não é tido em consideração...e que é o facto de ressequirem.

Mesmo apresentando um rasto razoável e com profundidade, por vezes começa a haver uma alteração dos compostos de borracha com o tempo, levando ao endurecimento da mesma e que, apesar de levar a pouco desgaste, se a analisarmos de perto verificamos que começa a ficar com gretas.

Com um pneu desses, além de se ter muito menos aderência, corre-se o risco adicional de poder afectar a segurança pela possibilidade de rebentamento, isto em casos já avançados de ressequimento da borracha.

Numa compra em concessionário recomendo assim o negociar da troca dos pneus, sempre que apresentem essas condições.

"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
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Março 07, 2017, 11:24:57, 11:24
Responder #5

João_Santos

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Mas de imediato a troca. Nestas condições os pneus são um crime andar numa moto.

João  :scooter: :scooter: