Autor Tópico: Honda CB-F - Próxima naked?  (Lida 2792 vezes)

Abril 14, 2020, 14:53:36, 14:53
Responder #50

Nuno YB

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  • Marca Motociclo: Honda
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Percebo o que dizes, mas as coisas não são assim tão "preto no branco".

No mercado das cruisers ( chamemos-lhe assim ) há muito poucas ofertas que se insiram, realmente, nesse espirito Custom. A constante procura por motos desse segmento no mercado de usados leva-me a crer que o lançamento de novos modelos, por parte dos principais construtores, fosse uma lufada de ar fresco e um consequente aumento nas vendas. Porra, é ver o autentico espanto que a nova BMW causou na comunidade Custom. O "problema" da BMW... já todos sabemos qual é...

As HD são carotas e sofrem de outro "problema", pelo menos em Portugal: a escassez de concessionários e rede de assistencia tecnica. Como referes, e bem, a Street até nem é cara... mas para quem mora fora dos grandes centros urbanos, ter que fazer uma data de kilometros apenas para uma mudança de oleo, é chato, para não dizer uma "seca"... sim, podemos dar um passeio, deixar a moto de manhã, mudar o oleo e levantar a moto á tarde. Mas e se for, por exemplo, afinar valvulas? Uma operação simples e rápida, mas que exige que a moto esteja a arrefecer quase um dia inteiro, como fazemos? Vamos dar o passeio, marcamos quarto, dormimos em Lisboa ( ou onde for o mecanico ), e voltamos no dia seguinte? Isso não é comportavel para a maioria das pessoas... ou, pelo menos, para mim...

A "moda" das cruisers já regressou, há muito tempo. Mas, não havendo ofertas recentes dos japoneses, poucos são os que podem/querem investir 20 ou 30 mil € numa.

Quanto ao mercado de usados, tens 200% de razão. Quase todos os segmentos do mercado estão inundados de ofertas quase ao preço das novas. Em alguns casos, mais caras. Não consigo perceber isso, em muitos desses casos.
Se no segmento das cruisers, customizadas ou não, ainda percebo isso devido justamente ao facto de os japoneses não lançarem nada genuino e digno desse nome há anos, noutros segmentos... não consigo perceber. Mas tambem... não é para perceber, cada um vende ao preço que acha que é justo para si, se aparece alguem disposto a pagar quase o mesmo por uma usada que pagaria por uma nova... quem sou eu para meter reservas a isso. Aliás, as Bulldogs são raras, tenho que ver se acho o preço original delas para me situar uns 150€ mais abaixo, quando quiser vender a minha...  :yeah:

Onde me parece que estás mesmo enganado, é na questão das cruisers customizadas serem hobbies e/ou segunda moto. Isso será assim em alguns casos mas, na generalidade, não é qualquer motociclista português que pode ter 2 motos, sendo as duas consideradas um hobbie. Sim, há quem tenha 2, 3 e até 4 ou mais. Mas, no meu ver, dividem-se em 3 grupos:
1- colecionadores.
2-  pessoas com gosto por motos e que têm um nivel economico acima da média.
3- pessoas que usam as motos como unico e exclusivo meio de transporte.

Para quem não faz parte destes 3 grupos, qualquer moto ( seja 1, 2, 3, 4 ou 10 ), são hobbies. Um hobbie que, muitas vezes usam para o dia a dia mas que, na maior parte do ano, são para passear, para os tempos livres.
Certas pessoas são como aquelas molas mágicas: não servem para quase nada, mas é sempre engraçado atirá-las pelas escadas abaixo...

Abril 14, 2020, 20:24:54, 20:24
Responder #51

dfelix

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No mercado das cruisers ( chamemos-lhe assim ) há muito poucas ofertas que se insiram, realmente, nesse espirito Custom.

O segmento tem esse mesmo nome.. cruisers.
Depois de customizadas é que viram custom.
 :)

A razão porque há pouca oferta é a que já escrevi atrás.
Neste momento não são tão apelativas ao mercado como já foram antes.

A própria HD é a primeira a assumir isso quando revelou as quebras de vendas.
Razão porque investiu nas "low cost" para não deixar escapar as migalhas que iam para as concorrentes.
Razão porque investiu fora do mundo das cruisers, apresentando uma naked mais ao estilo "streetfighter" e uma adventure.
Razão porque ainda recentemente surgiu notícias que vai apostar em modelos abaixo dos 500cc.

Obviamente que continua a existir interessandos e vendas, mas está longe de ser um mercado como já foi.
Se fosse rentável, acredita que os japoneses já lá estavam a explorar.

...leva-me a crer que o lançamento de novos modelos, por parte dos principais construtores, fosse uma lufada de ar fresco e um consequente aumento nas vendas. Porra, é ver o autentico espanto que a nova BMW causou na comunidade Custom. O "problema" da BMW... já todos sabemos qual é...

A BMW tem conseguido revitalizar alguns segmentos de mercado que estavam fracos de vendas.

(conseguiu-o com a GS!)

Conseguiu voltar a despertar o interesse nas superdesportivas com a S1000RR quando os nipónicos (excepto kawasaki) tinham desinvestido.. e quando voltou a "ser fixe" de imediato Yamaha, Suzuki e Honda voltaram à carga.

Pode ser que a BMW consiga no departamento das cruisers.

As HD são carotas e sofrem de outro "problema", pelo menos em Portugal: a escassez de concessionários e rede de assistencia tecnica. Como referes, e bem, a Street até nem é cara... mas para quem mora fora dos grandes centros urbanos, ter que fazer uma data de kilometros apenas para uma mudança de oleo, é chato, para não dizer uma "seca"...

Isso é a desculpa que toda a gente dá a si própria para não sair da marca que tem.
A ironia que é depois a maior parte acaba por ir fazer a manutenção a uma qualquer oficina multimarcas.

Pode ser desculpa para não comprar uma nova.
Mas não é desculpa para se ter uma usada.

E HD.. acho que nenhum dos proprietários que conheço faz manutenção na marca!

A "moda" das cruisers já regressou, há muito tempo.

Só se for com a keway superlight!  :)

Quanto ao mercado de usados, tens 200% de razão. Quase todos os segmentos do mercado estão inundados de ofertas quase ao preço das novas. Em alguns casos, mais caras. Não consigo perceber isso, em muitos desses casos.

Há uma razão muito simples para isso:

Quem coloca a moto à venda em regra geral procura online o preço de outras em condições semelhantes para saber quanto irá pedir.
Isto faz com que os preços acabem por não seguir nenhum critério a não ser o que os outros pedem que já por si pode ser exagerado.

Depois, quando surgiu a obrigatoriedade da garantia de usados para stands... os preços naturalmente subiram um pouco.
Como os profissionais usam as mesmas plataformas, temos depois particulares a afixar ao mesmo preço ignorando o facto de que não vão poder dar garantia.

E claro.. toda a gente tenta espremer o máximo possível, daí preços altos que depois são "negociáveis".

Uma pescadinha de rabo na boca.

Aliás, as Bulldogs são raras, tenho que ver se acho o preço original delas para me situar uns 150€ mais abaixo, quando quiser vender a minha...

A Bulldog é um excelente exemplo de moto que vendeu pouco pois surgiu numa altura que a ficha técnica tinha uma enorme importância.

É uma moto interessante e que foi a tentativa da Yamaha fazer algo na linha das Buell.
Porém, as poucas vendas ditaram o insucesso comercial.

É daquelas moto que se realmente gostas e um dia decidires vender.. há uma forte probabilidade um dia mais tarde te arrependeres.

Onde me parece que estás mesmo enganado, é na questão das cruisers customizadas serem hobbies e/ou segunda moto.

A esmagadora maioria da malta que conheço com motos transformadas é nessa vertente.
Serve para ir ao café.
Servem para ir aos diversos "Setubal Custom Weekend" que existem por aí.
E pouco mais.

A maioria da malta que conheço com cruisers nem as tira da garagem.
Há uns que se contam pelos dedos da mão que as utilizam no dia-a-dia.. mas isso é pouco expressivo.

Mesmo casas especializadas neste género já sobram muito poucas.
Por outro lado surgiram imensos customizadores a alterar e personalizar motos de outros géneros na última década, quando outros géneros de customizações se tornaram mais apetecíveis... mas que acabaram por apenas sobreviver e manter actividade os que realmente se dedicaram a sério ao tema.

« Última modificação: Abril 15, 2020, 09:48:18, 09:48 por dfelix »

Abril 15, 2020, 10:04:49, 10:04
Responder #52

Nuno YB

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Quando disse que a "moda" das cruisers regressou, não estava a referir-me aos construtores e sim aos consumidores.

Muita malta que teve desportivas, ao atingir uma certa idade, opta por outro segmento. Não quer dizer que se mudem todos para os "ferros", mas há muitos que o fazem. E, pelo que tenho visto, atrás deles vão outros mais novos, que tambem apreciam aquele andamento mais calmo e descontraido.

Pode ser por viver no Alentejo, onde as coisas "andam mais devagar", mas é o que tenho notado.

Curiosidade: anda a circular na net uma petição publica para que a Yamaha reconverta certos modelos cruiser para que cumpram com a norma Euro 4, de modo a que possam ser comercializadas de novo na Europa. E porquê? Porque, como eu já tinha dito, o modelo XVS650 da Yamaha não foi descontinuado. Continua a ser vendido, e bem, na Australia e Nova Zelandia, nas suas 3 versões. Ou seja, a Yamaha, ao continuar a produção da XVS650, é porque as vende e porque não tem prejuizos. O grande "problema" é que são motos de carburador, o que impede a sua certificação em muitos paises. Será a conversão para injeção, de modo a cumprir as normas europeias, assim tão dispendiosa?
Certas pessoas são como aquelas molas mágicas: não servem para quase nada, mas é sempre engraçado atirá-las pelas escadas abaixo...

Abril 15, 2020, 14:14:26, 14:14
Responder #53

dfelix

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Quando disse que a "moda" das cruisers regressou, não estava a referir-me aos construtores e sim aos consumidores.

O consumo de cruisers novas no presente é predominantemente keeway superlight e as da UM.
 :)

Ainda hoje esbocei um sorriso quando vi esta imagem numa publicação:



Fez-me lembrar a Aprilia Red Rose nos anos 90...
 :D

Muita malta que teve desportivas, ao atingir uma certa idade, opta por outro segmento.

Conheço vários.
Todos adoptaram como segunda moto.

Ainda há poucas semanas atrás um conhecido que tem um porradão de quilómetros espetados numa S1000RR foi buscar uma XR1200 para desenjoar de vez em quando. Curiosamente, uma das poucas HD que não me importaria de ter.

Será a conversão para injeção, de modo a cumprir as normas europeias, assim tão dispendiosa?

A conversão só por si não será dispendiosa.
A derradeira questão é que só a conversão pode não ser o suficiente para cumprir as normas.
Tal como as normas não se restringem a emissões. Há mais para além disso desde aspectos de segurança a funcionalidades de "auditoria" na electrónica que passaram a ser necessárias.

Acredita que se fosse rentável para os construtores... já estariam a explorar esse mercado.
Ainda por mais recorrendo a motos para as quais os custos de R&D há muito foram amortizados.

Não é à toa que a oferta existente como a Vulcan ou a Rebel sejam baseadas em outras motos das respectivas marcas.
É esta partilha de motorização e componentes que as tornam.. acessíveis e ao mesmo tempo rentáveis para o fabricante.
E mesmo assim, acabam por estar a um preço que não é consideravelmente inferior ás HD low cost.


« Última modificação: Abril 15, 2020, 14:16:20, 14:16 por dfelix »