Autor Tópico: O Futuro da mobilidade elétrica  (Lida 661 vezes)

Dezembro 03, 2023, 15:42:03, 15:42
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JoãoPVCarvalho

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Venho hoje ressuscitar este tema porque parece que a Industria resolveu dar-me razão! :yeah:

Tenho defendido por várias vezes que a Mobilidade elétrica tem dois fatores que a inviabilizam logo à partida.
O recurso a energia fóssil para produzir a energia elétrica necessária e o tempo de carregamento das ditas baterias!
Assim, eu vejo como única alternativa o recurso a baterias estandardizadas que possam ser substituídas rapidamente em qualquer posto de carregamento.

A ideia não é nova e está até bem encaminhada





Ora bem, se esta tecnologia responde à questão do tempo de carregamento, por outro lado, aparentemente não responde à questão do recurso a energias fosseis para a produção de eletricidade. Errado!
Então, se o conceito de recargas rápidas deixa de ser assunto porque as baterias ficam no posto de carregamento em vez dos carros, o processo de carregamento delas também pode ser lento e por essa via pode ser feito com recurso apenas a renováveis.



Se nos meios urbanos a instalação em massa de painéis solares pode representar uma missão hercúlea e de grande investimento, é igualmente verdade que a sua potencial utilização não se cingirá apenas a abastecer a mobilidade elétrica e por aí pode o investimento encontrar um "ROI" mais equilibrado e assim apetecível aos vários market players.
(ROI - Return on investment)

Já nas ligações interurbanas a coisa fica mais fácil sendo possível associar os postos de carregamento às muitas quintas solares e geradores eólicos que por aí têm nascido como cogumelos. Quem percorre os nossos autoestradas, certamente já se deparou com os muitos hectares de painéis solares que cobrem grandes extensões de terreno.
De ponto de vista ambiental  e da economia sustentável, ficam todavia algumas perguntas por responder, nomeadamente o potencial impacto sobre os ecossistemas ao reduzir a exposição solar desse solo agora coberto por painéis e a rentabilidade dos solos aráveis que deixam de produzir alimento para produzirem eletricidade. Não há soluções perfeitas!

Esta tecnologia oferece ainda no imediato mais algumas vantagens óbvias. Ora se o abastecimento de energia passa a ser rápido e fácil, deixa de ser necessário transportar grandes e pesadas baterias mesmo sacrificando alguma autonomia e por essa via os veículos ficaram também mais eficientes por se tornarem consequentemente mais leves.

As vantagens não ficam por aqui. É sabido que um dos grandes entraves à aquisição dos veículos elétricos é o seu preço, muito por causa do preço das próprias baterias. Ora bem, com esta tecnologia é possível eliminar completamente este custo visto que as baterias deixam de ser propriedade do utilizador logo não inflacionando o preço do veiculo e à semelhança dos ICE serão todos utilizadores pagadores numa modalidade qualquer que abre portas a todo um novo mercado energético que pode ir desde o pagamento por tempo de utilização, ao quilometro ou até mesmo ao abrigo de um qualquer contrato de aluguer. Mas, ainda há mais uma vantagem na minha opinião. Com isto acaba também o estigma da longevidade das baterias que tantas vezes nos preocupa quando equacionamos a aquisição de um veiculo elétrico usado, por exemplo.

Num Mundo ideal esta estratégia tem ainda o potencial de reduzir a dependência do Lítio visto que não é necessário garantir uma autonomia muito grande, também não será necessário recorrer a tecnologias altamente capacitivas abrindo portas para as bateria de sódio, por exemplo, que são do ponto de vista ambiental muito mais sustentáveis.
https://www.razaoautomovel.com/autopedia/baterias-ioes-sodio-vantagens-desvantagens/

Na China, esta ideia leva já grande avanço no que á implementação da tecnologia diz respeito e no mundo das duas rodas é já uma solução incontornável com parcerias feitas com empresas de distribuição, sendo que os fornecedores e construtores de veículos dão agora os primeiros passos na democratização desta tecnologia:

https://avalanchenoticias.com.br/carros-motos-veiculos/gogoro-de-taiwan-lanca-servico-de-troca-rapida-de-bateria-de-scooter-na-china/



Ainda assim, o grande desafio da mobilidade elétrica não é o transporte pessoal. Apesar dos transtornos provocados pelos tempos de carregamento, pelos Bug's nos dispositivos de carregamento,  (Esta semana foi um excelente exemplo disso. a minha empresa tem um frota de VE considerável e esta semana devido às fortes chuvas que caíram aqui na região, houve vários cortes no abastecimento de energia, como consequência, vários dos veículos que estavam à carga interromperam o carregamento e não o retomaram quando a rede repôs o fornecimento de energia. Assim, muitos colegas ficaram uma ou duas horas à espera de carga suficiente ao fim do dia para voltarem a casa quando se aperceberam do que tinha acontecido!).

Ora pensando nos transportes de mercadorias que têm um impacto enorme no preço final dos bens, ficar horas parado enquanto se carregam as baterias de um camião é simplesmente impraticável. A pensar nisso mesmo estão os Alemães que passaram já do estirador à fase de testes em ambiente real com resultados muito promissores no projeto eHaul.

https://www.tu.berlin/en/fvb/research/current-projects/ehaul




Parece que a luz ao fundo do túnel surgiu finalmente no que diz respeito à mobilidade terrestre, agora é necessário ainda dar respostas igualmente exequíveis  para aquele modelo de transporte que representa uma enorme fatia das emissões de carbono. O Transporte marítimo de mercadorias. "25/10/2019 — Estima-se que as emissões de gases com efeito de estufa provenientes do transporte marítimo internacional atinjam cerca de 2-3 % do total global .." in Consilium.europa.eu

https://www.consilium.europa.eu/pt/press/press-releases/2019/10/25/co2-emissions-from-ships-council-agrees-its-position-on-a-revision-of-eu-rules/



Um planeamento cuidado é meio caminho andado.✌
by JDilemas