Autor Tópico: Test-Ride » Brixton 125 Classic  (Lida 5655 vezes)

Fevereiro 09, 2019, 01:23:46, 01:23
Lida 5655 vezes

Sapiens21

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Test-Ride » Brixton 125 Classic




Existe uma música dos Guns N' Roses que é intitulada "It's So Easy" e posso-vos dizer, após ter realizado este test-ride a uma moto da Brixton, que é algo que logo nos sai na explicação quanto à facilidade em guiar uma moto leve e citadina como esta.


No entanto e para enquadrar tudo isto que parece começar pelo fim...voltemos então atrás, especialmente ao momento que levou à realização deste test-ride...

Isto porque a dificuldade em testar uma moto destas foi sempre muito grande, por maior boa vontade que houvesse por aqui do concessionário que representa a marca (Motodiana).
Mas acontece que uma nova Escola de Condução em Évora, que abriu muito recentemente, com um espírito jovem e preços francamente concorrenciais para aquilo que tenho conhecimento (Escola de Condução D'El Rei), adquiriu ao mencionado concessionário 2 motos...e uma delas era precisamente esta que testei.

E assim se propiciou o test-ride porque no concessionário lembraram-se das 2 ou 3 vezes em que falei do modelo por lá...e o resto já estão a ver como aconteceu! O dono da Escola de Condução, mesmo com a moto nova em folha, foi extremamente simpático em permitir que fizesse umas quantas dezenas de Kms nessa unidade e publicasse o teste aqui no fórum.






Manhã com um dia óptimo para andar de moto e sentei-me logo aos seus comandos.
Tendo o capacete já na cabeça e uma das mãos pronta para rodar a chave, ainda reflecti por um breve momento sobre o que poderia esperar deste test-ride, tendo-me logo aí capacitado de que não poderia contar com emoções fortes extraídas da sua mecânica... No fundo, teria de logo nesse momento iniciar o teste ficando desprovido de expectativas desajustadas à realidade de uma 125cc. E foi o que fiz!

Mas antes de abordar a posição de condução deste modelo...devo tecer algumas palavras quanto ao seu design, já que na realidade é o primeiro contacto que se tem.

O tipo de moto 125cc aqui em análose é, claramente e sem margem para qualquer dúvida, o de uma citadina, mas aqui com a tónica do design a pender para um lado clássico moderno e a que os Ingleses designam, neste género, por "modern street classic".
É visível que se trata de uma moto que não aposta em linhas vincadas ou design rebuscado, sendo sim uma moto de linhas simples onde se notam algumas coisas que lhe retiram, na minha opinião, uma carga excessivamente retro.






Este British Design (assim o indica a própria marca, é bom dizer) está dominado por pontos chave que preenchem a imagem inicial com que se fica logo de início com esta moto.

São eles um depósito esculpido nas suas laterais e, logo neste caso, numa elegante cor verde que quando está sob certa luz faz lembrar o característico "verde jaguar".
Depois o seu farol redondo, que por um lado tem na sua forma o lado clássico...mas por outro tem o tal toque de modernidade, que me espantou ao ver ali iluminação LED na orla do farol. Iluminação essa que existe igualmente nos piscas.






O seu banco de cor castanho claro é outro elemento chave que não esconde tratar-se de uma moto de aspecto minimalista, mas elegante.

E depois temos as suas jantes raiadas com pneus mais largos do que aquilo que a ficha técnica indica (Frente: 100/90-18 / Traseira: 130/70-17), as quais ficam também muitíssimo bem, dando um certo estilo a esta moto.

Estes são os elementos chave desta moto para levar de imediato o pensamento a fixar o tipo de moto em questão, desprovida de carenagens ou outros elementos visuais que pudessem definir uma ideia diferente.

Depois e para lá de um motor totalmente visível, temos as tampas laterais, logo abaixo do banco, com a designaçáo deste modelo da Brixton (BX 125), guiador pintado num preto baço, espelhos redondos e uma curiosa linha de escape que se vê enrolada num material térmico espesso e colocado em espiral ao longo de todo o colector, até dar lugar ao escape, onde a opção foi pelo cromado.






Falando agora da posição de condução e que no meu caso foi o elemento seguinte de análise a esta moto...

E...começa logo por ser confortável, com um assento que não revela qualquer sinónimo com a palavra "dureza".
Bem sentados e com as peseiras a promoverem uma posição perfeitamente natural, é importante também mencionar que a marca conseguiu conceber o depósito suficientemente delgado na zona das pernas (lembram-se lá atrás de ter falado em "depósito esculpido nas suas laterais"?) e que ajuda bastante, tanto no conforto sentido, como na própria condução da mesma.

O guiador, de aspecto bastante minimalista como poderão ver nalgumas das imagens que deixo neste test-ride, tem um posicionamento capaz de levar a uma condução com o tronco do condutor apenas muito ligeiramente inclinado para a frente.
Ainda assim, cumpre-me dizer que isto pode variar de forma bastante ampla conforme estaturas, pelo que nada existe como (pelo menos) sentarmo-nos e percebermos como nos sentimos aos comandos.






Quanto à unidade motriz que equipa esta BX 125, devo dizer que já conduzi motos 125 mais silenciosas...

À partida esta indicação, sem mais, poderia criar alguma dúvida sobre que som é esse afinal, pelo que poderei traduzir isto numa sonoridade que se vai tornando aos poucos algo esforçada, nomeadamente nas rotações mais altas e perto da absurda velocidade máxima a que consegui chegar...88kmh.

Sim...é verdade...terei de me recordar que se trata de uma 125cc e por outro lado que estava totalmente na rodagem. Mas a sonoridade a partir dos 70-75Kmh começa a mostrar gradualmente o esforço em levar a velocidade por diante.

Talvez desse mais qualquer coisa que os 88Kmh que alcancei se apanhasse alguma inclinação, mas também não quis abusar...nem valia a pena sugeitá-la a tal em rodagem. Foi apenas por momentos para ver o carácter daquele bloco monocilindrico de 124cc, modestos 11,4cv, refrigerado a ar e injecção electrónica de combustível - EFI.






Não tem acelerações rápidas e portanto não se espere desta moto nenhum "foguete", o que acaba também por ter um lado bastante positivo, já que as suas reacções são tão contrárias à palavra "brusquidão", que pode ser vista aqui a moto ideal para aqueles que procuram precisamente dar os "primeiros passos" no Mundo das motos e que efectivamente não se sentem bem com grandes velocidades ou reacções mecânicas capaz de mais desenvoltura.

Aliás e já que falo do motor, devo dizer que não notei ao longo de todo o teste uma vibração incómoda que merecesse destaque, nem no banco, nem no guiador, nem nas peseiras. Achei que se tratava de algo perfeitamente dentro do aceitável.

A manobrabilidade é outro aspecto em que esta moto ganha pontos já que está dentro daquilo que num combate de boxe se designa por "peso pluma".
E assim o digo porque de facto esta moto pesa tão pouco que é difícil de intimidar quem pela primeira vez tenha um contacto com um motociclo.

São 134Kg de peso que se fazem sentir apenas q.b., parecendo-me (já que é um assunto relativo) estar bem longe de intimidar ou melindrar quem se sente aos seus comandos.






Quanto ao pequeno mostrador com as indicações, segue o mesma traço simples desta moto no seu todo, "casando" o lado clássico de um mostrador redondo onde se encontra o conta-rotações (com a curiosa e irrealista menção de 16.000Rpm) e depois um pequeno mostrador LCD onde se pode ler a velocidade, o consumo existente no depósito (por pequenas barras) ou os Kms realizados.
Gostaria que fosse um pouco maior aquele LCD, já que se torna difícil de perceber o que lá está quando o sol incide e os próprios números são bastante pequenos.

Relativamente ao comportamento desta moto, confesso que cumpre de forma...aceitável.

Circulei com esta moto em piso empedrado e em estrada e se em termos de conforto o binómio banco/amortecimento das suspensões funciona perfeitmente e sem críticas a fazer.

Em estrada prossegue de forma aceitável, devendo no entanto recordar novamente que as velocidades atingidas por esta moto também não são o bastante para que possa sair de um registo muito previsível.

Quanto à capacidade de curvar, mesmo tendo em atenção ao facto de os pneus serem novos a estrear (da marca CST) e com uma goma que à partida os tornaria mais falsos, na realidade mostraram-se suficientemente seguros e não posso dizer - para os ritmos alcançados e piso seco - que em algum momento se revelaram falsos. Também seria difícil!

Acredito que estes pneumáticos sejam especialmente duros e daqueles que têm um composto de borracha que os torna mesmo...mas mesmo difíceis de desgastar.
Porém, com o bom tempo que se fazia e como seria de esperar, cumpriram com o que lhes foi exigido.






O diâmetro das jantes ajuda bastante à filtragem de qualquer irregularidade, se bem que só uma utilização mais regular me permitiria perceber tudo isto com maior rigor e uma palavra que, daquilo que experiênciei, não me faz sair de um...aceitável.

Relativamente ao sistema de travagem desta BX 125 é composto por discos de travão nas 2 rodas, o que de facto não esperava ver neste modelo.
E se acaso se acha que isto é algo de somenos importância, devo lembrar que existem marcas bem conhecidas (fortes concorrentes) ainda a propor, nesta gama, tambor de 130mm atrás, como a Yamaha YS125 ou a Honda CB125F, pelo isto deve ser visto como um ponto a favor...

No entanto e certamente percendo-se este como um teste a uma unidade novíssima que me era confiada, não exagerei minimamente no actuar do sistema de travagem, promovendo uma utilização perfeitamente normal e em linha com o que qualquer utilizador que lhe dará em uso quotidiano. E aí cumpre na perfeição, devendo igualmente frisar que tem CBS (Combined Brake System), coisa que se tornou obrigatória para as novas unidades vendidas, não sendo esta naturalmente excepção.






Cheguei ao fim do test-ride, devolvi as chaves ao dono da Escola de Condução D'El Rei que me aguardava com um sorriso e...num recordar de tudo quanto esta moto oferece, de facto os €2.850 + desp. não são excessivos.

Na verdade o problema desta moto - que é bastante económica (comsumo combinado de 2,7L/100Kms), que tem um preço relativamente baixo, que tem um design muito bem conseguido e uma manutenção que me disseram ser francamente barata - será ter algo contra si, mas que não tem culpa de assim acontecer...

Passo a explicar!

O "problema desta moto" (coloquei agora entre aspas propositadamente) acaba por residir em 2 pontos muito concretos: um deles é ser uma marca quase desconhecida dos Portugueses e pertença de uma também desconhecida marca Austríaca (KSR Moto), sendo que o outro ponto que joga contra a Brixton até já foi referido mais atrás neste já longo texto...a forte concorrência de modelos de marcas muito bem implantadas no mercado e que, em abono da verdade, contam igualmente com preços muito competitivos!

A minha sugestão final é simples para com este modelo, nomeadamente para todos os que procuram algo do género e não colocam necessariamente as prestações como um dos factores principais: "Calm down, Think different, Find your way!" (Arash).
Quero com isto dizer que por vezes seguir um caminho de escolhas que seja diferente da maioria, não está necessariamente errado.


Agradecimentos: Ao concessionário Motodiana e ao simpático dono da nova Escola de Condução D'El Rei (em Évora), na pessoa do seu gerente, por me ter possibilitado este test-ride. Desejo as maiores felicidades nesta sua nova etapa.


« Última modificação: Fevereiro 09, 2019, 01:35:56, 01:35 por Sapiens21 »
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Fevereiro 10, 2019, 22:14:02, 22:14
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Joao_Cruz

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Muito bom Sapiens.
Vi no outro dia uma Brixton e o que mais me chamou à atenção foi o detalhe nos pormenores da decoração,  quase parecendo uma clássica britânica.
Para dar umas voltinhas cheio de estilo, penso que encaixa perfeitamente bem.
Abc

Fevereiro 11, 2019, 20:11:30, 20:11
Responder #2

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Sim, o design procura claramente esse lado "British".

Em termos de look nada a apontar.  :nice:

Já em condução, não há nada em que se destaque por aí além face à concorrência.

Apesar de um preço aceitável e um look porreiro, a concorrência - que também conta com óptimos preços - julgo que não lhe dará grandes hipóteses.
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Fevereiro 20, 2019, 09:16:47, 09:16
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A muito bonita e elegante cor cinzenta, com o banco em preto...  :nice:

Acho-a muito porreira. Só é pena a mecânica não ser um bocad(ito) mais espevitada.

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Fevereiro 21, 2019, 16:08:01, 16:08
Responder #4

saraiva

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Obrigado pelo test-drive.

Não fiquei com vontade de a comprar, mas quanto mais sabemos melhor.  :cool: :cool: :cool:
Há rosas cor-de-laranja mas não há laranjas cor-de-rosa. No entanto há laranjas verdes e rosas verdes não há.
Sym Jet14 0km --> 17147km | Keeway SuperLight 7041km --->10500km | UM Sport S 0km-->

Fevereiro 21, 2019, 17:02:13, 17:02
Responder #5

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 :)

Os test-rides devem ser sempre o mais sinceros possível.
Entendo perfeitamente que não tenhas ficado com vontade de a comprar.

A concorrência que referi no texto é de facto muito boa e com preços nada excessivos quando se compram com esta proposta.

Esta ganha ainda assim, na minha opinião, num look muito bem conseguido.  :nice:
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