A Triumph apresentou hoje as versões Chrome das suas famílias Bonneville e Rocket, versões que só estarão disponíveis no decorrer de 2023.
Esta tendência de oferecer versões exclusivas com o devido aumento de preço veio para ficar e deverá intensificar-se. As marcas tradicionais europeias vão ter que aumentar as margens que ganham em cada moto vendida. Cada vez mais a margem e não a quantidade será aquilo que vai marcar o sucesso destas marcas. Ainda que a Triumph, a BMW e a KTM também apostem nas baixas cilindradas com motos feitas em parceria com fabricantes indianos ou chineses todas elas (mais a Ducati, MV Agusta, Aprilia, Bimota etc) vão lançar modelos cada vez mais exclusivos e caros.
A KTM começou a explorar outra forma de aumentar o lucro por cada moto vendida, a subscrição de software. Veremos se vai pegar entre os motociclistas. Talvez seja uma via. Uma coisa é certa, a KTM tem mostrado ser, nos últimos 10 anos, a mais hábil marca europeia a entender o mercado de motos.
As baixas cilindradas serão cada vez mais um feudo dos fabricantes chineses (um processo muito paralelo ao que aconteceu com os fabricantes japoneses nos anos 70) restando às marcas europeias o topo do mercado (mais de €30.000 PVP) onde o prestígio e a imagem de marca valem mais do que o preço de venda.
Quanto a mim a primeira vítima deste rearranjo do mercado de motos será a Suzuki. A marca de Hamamatsu não conseguirá competir com as marcas chinesas no preço nem tem prestígio para competir com a Ducati ou a BMW nas motos de mais de €30.000. A saída do MotoGP e do WEC é o princípio do fim da marca.
Também vejo um futuro muito difícil para a Kawasaki.
A Honda tem outros recursos e tenho que ficar impressionado com o preço a que a marca vai vender a nova Hornet 750. A grande questão é, até quando até um fabricante chinês oferecer uma moto equivalente por menos dinheiro?
Entre os quatro grandes japoneses, quanto a mim, a Yamaha é a que estará melhor posicionada para enfrentar o embate chinês.
Entre os construtores europeus aquele que vejo em pior situação é a MV Agusta. A marca italiana foi a pioneira nas versões especiais vendidas a preços estúpidos a clientes endinheirados. Mas com a Triumph, KTM, Ducati ou BMW a ocuparem cada vez mais esse espaço antevejo sérias dificuldades para a MV Agusta.
A forma como a MV Agusta entrou no segmento aventura com esta marca Lucky strike e a parceria com a Benelli quanto a mim foi um tiro no pé! Mas vamos ver com os russos vão expandir a histórica marca transalpina!
A Bimota é demasiado pequena para ser sequer considerada um construtor. Basicamente é uma boutique de motos. Para já tem o dinheiro e os motores da Kawasaki. Mas vamos ver se a Kawasaki entrar em dificuldades. Ou então, se a Kawasaki entrar em dificuldades, talvez o grande grupo industrial por trás da operação reforce ainda mais a aposta na Bimota que, concerteza, tem um nome mais prestigiado para vender motos acima dos €30.000 do que a Kawasaki.
BSA e Norton, recentemente relançadas, acho que é dinheiro deitado à rua. Mais ano menos ano entram em falência.
Segue-se as marcas "de prestígio" do grupo Piaggio, Aprilia e Moto Guzzi. Não sei o que pensar. A Piaggio precisa mesmo de resolver a rede de concessionários destas marcas e toda a experiência after sales. Se tudo se mantiver assim não vejo como ambas as marcas possam entrar no mercado "mais de €30.000 PVP".
A Moto Guzzi tem uma herança muito rica e, neste momento, a plataforma certa (V100 Mandello) para ser uma real alternativa à Triumph nos segmentos retro. Vamos ver se a Piaggio vai saber potenciar esta nova plataforma.
A Aprilia tem (nunca sem o estrondo da Ducati claro) apresentado versões mais especiais dos seus modelos mais desportivos. Eu adoro a Tuono Racing de 2003 por exemplo. Ainda recentemente a marca apresentou a ultra exclusiva RSV4 Xtrenta que custa mais de €50.000!
BMW. Está aqui um caso complicado
. Por um lado acho que a divisão de motos está muito forte. A GS é um sucesso eterno. A marca está a lançar versões M de quase todos os seus modelos e a cimentar-se cada vez mais nos segmento premium.
Mas a divisão de carros
Que desgraça! Se nada mudar antevejo a falência da BMW automóveis. Se essa falência vai arrastar a BMW Motorrad temos que ver. Se for feito o spin off da BMW Motorrad então acho que tem muito futuro. Quiçá, adquirida pelo Grupo KTM! Seria um twist interessante!
Por falar em KTM, só vejo a marca de Mattighofen reforçar a liderança entre os construtures europeus. E adquirir a BMW Motorrad daqui a uns anos. Entre as motos "mais de €30.000" a KTM ainda só entrou timidamente mas quando o fez (RC8C e SD1290RR) foi um tremendo sucesso. Vejo a marca austríaca a lançar cada vez mais versões exclusivas, limitadas, caríssimas.
Quanto à Ducati, não vejo a marca de Borgo Panigale perder o título de marca de motos desportivas mais prestigiada tão cedo. A marca domina em todas as frentes. WSBK, MotoGP e showroom floor.
Estas edições especiais ridículas como a Diavel ou Streefighter Lamborghini vieram para ficar. E veremos cada vez mais versões SP dos seus modelos. Por €50.000, €100.000 e acredito que, num futuro próximo, a Ducati venda uma moto acima dos €200.000.
No imediato, aposto que está na calha uma Desert X Rally com depósito de 30 litros, suspensões activas, banco monolugar, etc etc com PVP a condizer acima dos €20.000!
De volta à Triumph, é verdade que a marca inglesa ainda não entrou a sério no segmento "mais de €30.000PVP" mas é uma questão de tempo.
A aposta no médio prazo são as motos de Enduro/cross e as baixas cilindradas. A Triumph quer mesmo embater de frente com a KTM e acho que é muito inteligente em faze-lo. Vai ser muito interessante ver que interpretação a marca inglesa faz de uma moto de MX moderna.
Acredito que vamos ver nos próximos 2 anos uma nova Street Triple/Daytona 765 Moto2 Edition ainda mais requintada, cara e exclusiva do que a que vimos em 2021.
Para já a Triumph tem apostado em versões limitadas diferenciadas pela pintura (versões 007, hand painted, chrome edition) mas acho que, mais tarde ou mais cedo, irá ter as suas versões daquilo que as BMW M ou Ducati SP são para esses construtores.
De volta às chrome edition, mais uma vez a Triumph a demonstrar ser capaz de fazer motos de um extremo bom gosto. O meu coração apaixonou-se pela 2023 Thruxton RS Chrome Edition com o tanque cromado. Como já se tinha apaixonado pela Thruxton RS Ton Up edition em 2022.