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7- Nos modelos desportivos o estado dos poisa-pés pode indicar o ritmo de condução do anterior proprietário. Poisa-pés roçados indicam um condutor que “puxou” mais pela moto, pelo que as revisões da mesma ainda se tornam mais criticas;
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Poderia ficar aqui uma hora a escrever.. mas vou perder apenas 5 minutos do meu precioso tempo...
Quanto ao motor:
- Verificar se existe "óleo babado" nas zonas de encaixe das tampas, cárter e cabeça. O material deverá ter um aspecto seco. Desconfiar quando o motor está gordurosamente lustroso.
- Verificar se o material das tampas e cárters não está estalado junto das zonas de aperto.
- Verificar os parafusos das tampas de motor e sobretudo os da cabeça. Procurar sinais de desgaste ou má utilização de ferramenta.
Por norma os parafusos são seladas com um risco de tinta. Confirmar esta marcação. Questionar o proprietário sobre as razões de tal intervenção caso aparente tal.
- Verificar o aspecto do aperto do tensor. Verificar se há marcas de ferramentas nos parafusos.
- Observar a coloração dos colectores. Ao longo do envelhecimento da moto estes vão mudando de cor passando pelo amarelo até atingir o castanho escuro quase preto. Alguns materiais durante um período de tempo podem apresentar a cor azulada.
A mudança de cor deverá ser gradual e progressiva desde a saída do motor até cerca de 50cm. Motos com pouca quilometragem deverão ter um estado de colector a condizer.
Nenhuma moto com 15.000 km reais tem os colectores completamente torrados a não ser que tenha levado valentes esfregas.
- Ligar o motor e perceber se "custa" a pegar. Desconfiar quando o motor de arranque dá mais mais de 3 a 4 ciclos para arrancar.
- Com o motor ligado escutar a zona das válvulas. Desconfiar de batidas secas como se fosse uma máquina de costura. Ouvir várias motos identicas para ter uma referencia é boa ideia.
- Com o motor ligado apertar a embraiagem. O som da caixa deverá mudar ligeiramente de tom.
- Verificar o estado do miolo do escape e respectiva cor que deverá ter uma cor cinzenta acastanhada. Não deverá ter aspecto oleoso nem parecer que tem uma uma camada espessa de carvão.
Quanto às suspensões:
- Verificar o estado dos retentores. A borracha deverá estar com aspecto saudável e sem sinais de fissuras e muito menos marcas de óleo.
- Apertar o travão e puxar a moto para trás/frente e testar a forquilha. O afundamento deverá ser progressivo e sem sentir "prender".
- Apertar o travão e puxar a moto para trás de forma a esticar a forquilha ao longo do seu curso. Analisar eventuais marcas ou vincos. No caso de um acidente que empene a forquilha, as marcas vão estar na zona junto ao aperto na mesa e no local de curso mínimo.
- Verificar se o amortecedor traseiro não tem "oleo babado". Caso seja regulável verificar se não está já na sua carga máxima e testar sentando na moto. Usar o peso do corpo para verificar até que ponto este movimento influencia o esticar a corrente.
Quanto a travões:
- Passar os dedos nos discos e procurar sinais de desgaste. O discos deverão estar sem irregularidades na zona onde a pinça aperta. Em motos com 50K+ poderá se sentir uma irregularidade na extremidade, mas não deverá sentir como se estivesse afiada.
- Travar ao máximo e depois largar. Em seguida dar alguns passos com a moto à mão e sentir se o disco não raspa nas pastilhas, o que poderá significar um disco empenado.
- Procurar sinais de "óleo babado" ao longo de toda a linha, desde o aperto dos tubos na maxila ao aperto na manete. Verificar em torno da tampa do reservatório do fluido.
Quanto á ciclistica:
- Verificar as pontas dos pesos, manetes e dos espelhos por raspadelas que podem não significar um acidente, mas um descuido com danos ligeiros.
- Verificar o pedal de travão e selector de caixa se não está dobrado ou se já foi dobrado. É normal num descuido em que a moto tombe este dobrar, e ao ser endireitado o metal ter ficado vincado.
- Verificar se os suportes das peseiras têm vincos ou sinais de desempeno.
- Procurar marcas nas principais zonas estruturais da moto, nomeadamente onde o braço oscilante e a forquilha é fixada por tinta estalada, vincos ou por camadas de pintura que não pareça ser a original.
- Verificar o aro das jantes por marcas de pancadas, zonas onde pareça "alargar" ou eventuais estalos no alumínio. No caso da moto ter descanso central é muito mais fácil verificar por eventuais empenos.
- Procurar marcas/danos nos apertos dos eixos das rodas e afinadores de corrente.
- Visualmente tentar perceber se a distancia dos punhos ao tanque é idêntica para ambos os lados.
- Se possível experimentar a moto, verificar em andamento o ponto acima. Tirar as mãos do guiador com a moto embalada e sentir se ela pende para um dos lados. Aplicar um pouco de travão traseiro e verificar novamente.
- Verificar o estado dos pneus. Quando os mesmos apresentam desgaste elevado, sobretudo o da frente estar "escadeado" ou com grande desgaste nas extremidades os testes anteriores podem ser negativamente influenciados.
- Verificar o kit de transmissão dentro do que é possível observar. A cremalheira deverá ter os dentes direitos e andando com a moto à mão corrente deverá manter a sua forma. Desconfiar de corrente demasiado lubrificadas ou demasiado secas.
Outros:
- Verificar o aspecto da cablagem que normalmente está visível junto do forquilha por eventuais fios partidos ou amassados.
- Verificar a cava da roda por eventuais danos, cortes ou modificações caseiras mal feitas.