Autor Tópico: A formação no ensino da condução de moto e os perigos associados durante o exame  (Lida 2530 vezes)

Julho 27, 2017, 11:42:24, 11:42
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lmferreira

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Quando alguém se dirige a uma escola de condução no sentido de retirar informações sobre o que necessita para se inscrever numa acção de formação para obtenção da categoria de moto, já sabe que sejam quais forem as exigências, se vai inscrever; seja nessa ou noutra escola de condução. O “bichinho” da moto fala mais alto que qualquer outra razão.
Qualquer amante de motos sabe que, mais cedo ou mais tarde, ainda que por vezes queira resistir à tentação de se inscrever, pelas mais diversas razões, acaba por se deixar levar e adquire essa categoria que lhe irá permitir ter argumentos para avançar para a compra do veículo e usufruir de sensações únicas.



A formação em escola de condução

A avaliação de quem pretende adquirir um título de condução para motociclo, passa sempre por duas provas, a teórica e a prática. A teórica no desenvolvimento de algumas questões técnicas (10) duma prova mal elaborada e que em nada privilegia o futuro condutor e uma prática de avaliação de conhecimentos e destreza.
Mas antes das avaliações serem efetuadas, há toda uma formação desenvolvida por um profissional de uma escola de condução. E é aqui que surgem, muitas vezes, as dificuldades.
Nem todos os que se dirigem a uma escola de condução para se inscreverem numa formação da categoria de moto têm apetência para conduzir este veículo. Acontece que essa avaliação não é percetível quando se atende o candidato na secretaria da escola de condução. Essa analise só se consegue fazer quando o candidato inicia a sua formação prática.
Muitos são os candidatos que nunca se sentaram em cima de uma moto e outros tantos são os que nem bicicleta sabem conduzir. Quando tal acontece, as dificuldades são ainda maiores, uma vez que temos de desenvolver o sentido vestibular.
É verdade que este sentido já se encontra desenvolvido, mas não para o equilíbrio sobre um veículo de duas rodas. Esse tem de ser trabalhado. Depois, associado a isso, há que interiorizar rotinas e em paralelo manter a atenção ao meio rodoviário.
Se durante a aprendizagem isso requer uma atenção e concentração redobrada, dificultada pelo facto de, na maior parte do tempo de aula prática o formando se encontrar sozinho sobre o veículo e sem que o formador possa atuar nos comandos do mesmo, no exame o tempo de execução é total; o examinador não tem possibilidade de atuar nas ações da viatura.

O exame de condução e os perigos associados

Se durante as lições práticas o formador, grande parte das lições, está sentado com o formando sobre a viatura, podendo atuar nos comandos se tal for necessário, no exame tal não acontece. O examinador efetua o exame desde o interior de um automóvel, dando as indicações através de um rádio.
Se, eventualmente, o formando efetuar alguma falha que condicione a sua segurança, o examinador nada poderá fazer a não ser assistir ao ocorrido e reprovar o candidato, com base num processo e lei de avaliação.
Se desse erro ocorrer um acidente rodoviário com consequências graves ou mesmo morte do candidato que se encontra a ser examinado, não há responsáveis a não ser o próprio candidato.
Mas afinal que perigos podem ocorrer durante um exame? Exatamente os mesmos que podem ocorrer durante a aprendizagem, mas com a diferença que, durante a aprendizagem o formador ou vai sobre a moto ou vai noutra moto, optando em locais que se mostrem mais expostos, por proteger o formando, mostrando-lhe como se deve atuar perante a situação, enquanto durante o exame o examinador se mantém confortável dentro de um automóvel a assistir ao desenrolar dos acontecimentos.

Como desenvolver corretamente um exame prático de moto

Para se desenvolver correctamente um exame de moto, deveria o examinador circular com o examinando sobre a moto ou fazer o acompanhamento noutra moto, conduzindo-a. Dessa forma poderia avaliar a prestação do primeiro e demonstrar como se deve atuar, protegendo-o, em situações de tráfego mais complicado.
Tal situação já acontece em alguns países do norte da Europa e com resultados bastante credíveis. Em Portugal tal não acontece porque existem pessoas a examinar que não têm capacidade para conduzir uma moto, quanto mais avaliar a forma como um candidato o faz.

Fonte: http://www.circulaseguro.pt
« Última modificação: Julho 27, 2017, 15:10:06, 15:10 por lmferreira »

Julho 27, 2017, 15:35:12, 15:35
Responder #1

Black

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A formação é um negócio.
Logo muitas das empresas do sector pretendem apenas que o negócio seja lucrativo.
Depois....
Tú apenas ficas habilitado a conduzir.
Conduzir é algo que devia ser uma formação contínua, não uma habilitação....

Julho 27, 2017, 15:49:22, 15:49
Responder #2

Sapiens21

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Entendo-te e de facto lembro-me que quando obtive a carta cat. A, as coisas eram levadas de forma um bocado "branda" para a importância que é colocar um condutor devidamente apto à condução. Não é que explicassem mal, ou não aconselhassem, mas os horários não eram cumpridos, as voltas acabavam por nos fazer passar pela casa do instrutor para ir buscar alguma coisa...
Enfim...se me ponho a falar disto dava um tópico para descarregar umas que me estão "entaladas".  :D :D


Mas voltando atrás...
Uma hipotética formação contínua, se acaso te referes a que a mesma passasse por via das Escolas de Condução, não resultaria em mais do que um prolongar do tal "negócio" a que fizeste referência... ;)

Já se te referes a uma formação contínua conseguida com a prática individual e o passar dos Kms no dia-a-dia e no "desenrasca-te por ti mesmo" - o que me parece ser aquilo a que referias - então obviamente estou inteiramente de acordo.
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Julho 27, 2017, 16:55:50, 16:55
Responder #3

João_Santos

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"""Já se te referes a uma formação contínua conseguida com a prática individual""

As voltas que damos á cabeça para inventar motivos de não nos separar das motas. Deveria de haver obrigação de os Empregadores dispensarem o pessoal durante uma Hora e trinta para praticar, na hora laboral.

João  :scooter: :scooter:

Julho 27, 2017, 17:04:39, 17:04
Responder #4

Black

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Existem muitas formas de fazer formação.
Empresas que, como não têm que preparar nada para nada (oficial), se dedicam a ensinar as técnicas como elas são!

Tens o caso do Autódromo International do Algarve com vários cursos desportivos todos os anos, o Bianchi Prata que faz a mesma formação más no meio do monte ou o Honda Instituto de Segurança que te ensina as melhores técnicas para conduzir a mota na estrada em situações do dia a dia.
Mas existem mais, pequenas e grandes empresas que se dedicam à formação de condutores em todas as classes de veículos em que os condutores, de forma voluntaria e num exercício de responsabilidade, pagam para practicar em segurança situações que podem fazer a diferença no dia a dia.

Julho 27, 2017, 17:27:55, 17:27
Responder #5

Moto2cool

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Concordo no geral tenho algumas reservas:


Se durante as lições práticas o formador, grande parte das lições, está sentado com o formando sobre a viatura, podendo atuar nos comandos se tal for necessário, no exame tal não acontece. (...)

Na minha experiência nunca o formador se sentou na minha mota nem mesmo na primeira aula. Fico com dúvidas que em caso de asneira o pendura ( formador) possa fazer alguma coisa para evitar as consequências.

Se, eventualmente, o formando efetuar alguma falha que condicione a sua segurança, o examinador nada poderá fazer a não ser assistir ao ocorrido e reprovar o candidato, com base num processo e lei de avaliação.

Por natureza o momento de exame é quando o formando demonstra estar autónomo para conduzir, para quase todos os efeitos é como se estivesse a conduzir sozinho (por exemplo responsabilidade civil) por isso só se deve candidatar a exame se considerar estar em condições.
Não vejo como uma figura paternal numa mota ao lado possa ajudar a dar uma ideia que o motociclista tem condições para conduzir autonomamente, antes pelo contrário.


Para se desenvolver correctamente um exame de moto, deveria o examinador circular com o examinando sobre a moto ou fazer o acompanhamento noutra moto, conduzindo-a.

A ideia é boa, mas acho que o examinador poderá querer, e penso que quer, tirar notas da observação que vai fazendo. Isto seria muito complicado se for noutra mota. A ir na mesma mota seria um pouco de excesso de confiança, acho que não arranjaríamos examinadores se tivessem que colocar a vida nada mais dos examinados

Não cito aqui mas estava convencido que os avaliadores de condução em motociclo estão habilitados para tal, nomeadamente têm a carta respectiva. Se não é assim fico embasbacado :)
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"Viver a vida não é esperar que a tempestade passe, é aprender a andar à chuva"