todos os dias que saio de mota (...) tenho medo. E isso é bom! É o que me faz afrouxar o punho do acelerador quando percebo que já atingi velocidades insanas, ou que me alerta para a necessidade de perceber primeiro se estou nalgum ângulo morto do carro e só depois ultrapassar, ou ainda que já não tenho idade para cavalinhos ou curvas com o joelho no chão. E mesmo assim pode acontecer- Pode. E mesmo assim continuo a andar de mota por uma única razão - porque gosto. Os ambientes esterilizados, com os riscos devidamente ponderados e verificados, são bons para sistemas robóticos e computacionais. Sou humano e, enquanto tal vivo na iminência da morte, mas tentando tirar da vida o melhor que ela tem: Amar, rir, chorar, conhecer, comer, beber, estudar, ler, ter prazer, ter desgostos, ter paixões, fazer asneiras, fazer coisas bem feitas, ver o pôr do sol, viajar, lutar, mudar, tantas e todas as coisas que dão sentido à nossa humanidade e, também, claro... andar de mota.
(...) sempre com aquele coeficiente de cagaço que nos faz manter inteiros)