Autor Tópico: Quando a ideia transmitida é a de...deixar de andar de moto!!  (Lida 2712 vezes)

Janeiro 07, 2019, 21:16:39, 21:16
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Sapiens21

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Quando a ideia transmitida é a de...
...deixar de andar de moto!!






Bem...um fórum que se quer aberto à discussão de temas, mesmo alguns algo polémicos, tem de mercer também a devida atenção. E este tópico em particular talvez tenha um pouco disso...

Isto porque estava a ler umas notícias estrangeiras relativamente ao sector do motociclismo e dei com algo (datado de hoje) que é, na verdade, um pouco contrário àquilo que por aqui e noutros fóruns se vai falando (ou tentando não lembrar)

Sinceramente não contava em ler o que podem ver mais abaixo e vindo de um motociclista com um total de 35 anos nas 2 rodas, mas é indicado de uma forma muito transparente e sem rodeios pelo próprio, que a melhor maneira de estarmos seguros é mesmo...largar as motos de vez!

Coisa que este próprio motociclista efectivamente fez aos 50 anos de idade, após ter presenciado tantos acidentes, com pessoas a perder as suas vidas na estrada por acidente de moto.

A frontalidade do pequeno artigo publicado e a maneira como  como deu a entender que a perigosidade é avassaladora, não havendo "dicas" que nos possam safar de condutores distraídos, bêbados, aceleras e "idiotas", no mínimo dá que pensar...

Um motociclista de vários anos nas 2 rodas dizer basicamente que somos "carne para canhão", mencionando de forma subliminar que a insegurança das motos deveria fazer-bos repensar em andar novamente de moto, é aquilo que vos trago como tópico aberto à discussão:nice:

Algumas opiniões adivinho-as como "O que me interessa é o prazer que tenho em 2 rodas. Não faltam locais ou situações perigosas. Estar a pensar nisso? Era só o que faltava...".
E não tem mal algum em assim pensar. Nenhum... :)

Porém e em certa medida (não me "crucifiquem"), existe total razão no que toca à parte da insegurança de uma moto. O nosso corpo, num embate mesmo a meros 30-35kmh, pode sofrer lesões gravíssimas e irreversíveis..


Aqui fica o pequeno artigo (da Flórida, creio):

'The only way to be safe with a motorcycle is to never get on one again'

"A recent article reported a young woman run down on a motorcycle and her mother begging drivers to be more careful. It offered tips on how to be safe on a motorcycle.


Motorcycles are not safe and never will be, no matter how many “tips” you follow. The only way to be safe with a motorcycle is to never get on one again.

I rode motorcycles for many years, starting at age 15, and quit at age 50 after seeing so many people mowed down every day after I moved to Florida. Even careful drivers mow them down, not seeing them, as this mom pointed out, not to mention the careless speeders, road-ragers and drunks.

The only way to be safe on the highway is to be seat-belted in a well-designed and reinforced steel box with all the safety equipment activated. I’ve seen demonstrations of even tiny Smart Cars survive massive impacts because they are so well designed. You don’t need a behemoth. A solidly constructed reinforced steel cubicle is the safest thing to ride in on the highway.

Letting your body be a potential projectile in a highway crash on a bike is insane. No helmet or body armor can save you. Rationalizing that a lesser injury (than death or TBI) is acceptable is insane."

« Última modificação: Janeiro 07, 2019, 21:23:24, 21:23 por Sapiens21 »
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Janeiro 07, 2019, 22:01:02, 22:01
Responder #1

2low

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Actualmente apenas utilizo a moto para fins de lazer.

Quando utilizei as anteriores motos para fins profissionais, garanto que chegava a casa com mais um dose de cansaço em cima apenas por "conduzir motociclo".

Para mim, tornou-se cansativo por um lado toda a logística de sair de casa, normalmente ir a pé até à garagem, abrir garagem, conseguir manobrar a moto para fora da garagem sem tocar nos carros que lá estão estacionados e que não são meus, equipar, por vezes ter de parar para abastecer e ter de tirar capacete/balaclava/luvas e apos abastecimento voltar a equipar, no final da "viagem" o procurar um lugar de fácil acesso, à vista de todos e de difícil acesso automóvel para reduzir riscos de roubo e por outro lado a questão mais chata nisto de andar de 2 rodas diariamente - o cansaço excessivo por termos de ter cuidados redobrados com os outros condutores que aparentemente parecer que são cada vez mais a conduzirem mal e sem terem noção que existem os outros veículos na estrada, também estar à coca daqueles malucos que ultrapassam pela direita, pela esquerda, pelo meio (os malabaristas), os inconscientes dos "cheiracus" que gostam de andar colados tanto nas motos como nos carros, os loucos que mesmo com chuva andam a velocidades claramente superiores para o estado da estrada, etc... resumindo esta ultima parte: cansa bastante estar focado nos outros, bem mais do que a parte física da nossa condução (mãos/dedos nas manetes, pes/pernas nos pedais, etc)

Também partilho um pouco do que esse ex-motociclista indicou como motivos para ter deixado de andar de motociclo mas costumo dizer de outra maneira menos directa e menos pessimista:
-a probabilidade de termos um acidente também aumenta quanto mais andarmos de moto (não em distancia mas sim em uso diário vs uso esporádico)
É claro que nos acidentes provocados e quase-provocados por terceiros é preciso ter sorte para não estarmos no sitio errado à hora errada.

Ainda quanto ao texto do "estrangeiro", não percebi bem se ele estaria a falar mesmo dos carros de 2 lugares da marca SMART e se o disse após ter visto um vídeo bem conhecido que uns tipos malucos (TopGear) fizeram em lançar um SMART contra um muro de betão a mais de 100kmh e a carcaça do SMART não deformou quase nada…
Se for esse o caso, parece-me descabido pensar que um SMART de 2000/2007 possa garantir igual segurança num embate frontal com qualquer um dos veículos modernos…
Resumindo: um veiculo por melhor pontuação que obtenha num daqueles testes Euro Ncap, não significa que mantenha essa pontuação passados 4/5anos...
Exemplo, o ultimo Fiat Punto a ser comercializado que passou de 4/5 estrelas para apenas 0/1... https://www.razaoautomovel.com/2017/12/fiat-punto-cinco-zero-estrelas-euro-ncap-porque
(não é assim tão inédito haver mais resultados idênticos...não fizeram foi mais testes semelhantes…penso eu de que…)

Jamais deixaria de andar de moto apenas pelo medo e receio de ter um acidente, por motivos próprios de algum excesso da minha condução ou por motivos de má condução de terceiros…

 
« Última modificação: Janeiro 07, 2019, 22:06:20, 22:06 por 2low »
Grão a Grão, Comemos Feijão!
E sempre com boa disposição!

(na realidade dá gozo puxar por ela pelo que é de contar uns 6Lt/100km)

Janeiro 07, 2019, 22:06:48, 22:06
Responder #2

Sapiens21

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Gostei da análise/comentário ao tema  :nice:

Ter receio é o pior...
Parece-me que até poderá mesmo potenciar aquilo que se pretende que não ocorra.
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
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Dalai Lama

Janeiro 08, 2019, 11:54:32, 11:54
Responder #3

JViegas

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Basta uma vez.

Basta "apenas" uma vez para morrer.

Será no uso diário de um veículo de duas rodas ou será a ir para comer umas bifanas com os amigos? (já que o evento está fresco)

Todos sabemos os riscos inerentes à condução destes veículos. Será que é porque somos doidos? Que gostamos de arriscar?

Tenho sempre essa questão presente quando me faço à estrada, tendo consciência que tudo muda numa fração de segundos. E sinto-me ainda pior quando levo a minha filha atrás.

Então porque faço isso?
Por questões de mobilidade, por ser mais barato e rápido. Mas não só isso: é porque gosto.

E não querendo romantizar a questão. Reconheço que é perigoso. Mas é perigoso para quem hoje anda na estrada. Seja de mota, bicicleta, a pé ou até de carro. Porquê? Porque um sentimento de impunidade reina no ar.

Devemos deixar de conduzir por causa disso?
Penso que cada um deve refletir e decidir até que ponto quer arriscar. Mas deve-o saber de forma consciente. Seja o de deixar de conduzir ou seja para começar a conduzir.

E penso que é essa igualmente a função de um fórum. Alertar, recomendar e aconselhar (para quem pede naturalmente), mas principalmente para ser "desmistificadores", partilhando experiências e nunca receber uma noticia de que alguém ficou debaixo de um carro que não o/a viu.
« Última modificação: Janeiro 08, 2019, 11:57:12, 11:57 por JViegas »

Janeiro 08, 2019, 15:16:15, 15:16
Responder #4

VCS

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Basta estar vivo para existir risco.   :)
Como todos sabemos, conduzir máquinas na estrada é uma actividade perigosa por natureza. 
Conduzir motos é mais perigoso porque a exposição do corpo ao exterior é total.
A atitude do motociclista perante o risco, e a sua assunção do risco é algo pessoal. Quase íntimo de cada um.
Em regra, julgo que é preferível que quem não se sentir minimamente confortável com essa assunção de risco (mesmo que eventualmente possa ter muita experiência) não ande de moto.
A minha atitude é substancialmente diferente hoje do que era quando comecei com 16 anos. O nível de riscos que corri com essa idade (digamos até aos 20/25) em cima de uma moto, nada tem a ver o nível de risco aceitável para mim hoje, quase 30 anos depois. Aliás, olhando para trás, eu acho que nem tinha bem a noção do risco em muitas situações.
Hoje, esse tipo de risco é totalmente inaceitável para mim.
Bom, mas há garantias de que isso me protege e é suficiente ? Como sabemos nunca há garantias.
A melhor garantia que podemos ter é estarmos lúcidos, conhecedores e suficientemente alerta para a parte do risco que podemos controlar (já é bastante: moto , destreza, análise, atenção, capacidade física).
O resto do risco: acreditar que não vamos estar no sítio errado à hora errada e aceitar um nível de risco exterior a nós que seja minimamente adequado. Há quem não ande à chuva, há quem não ande de noite, há quem não ande no meio de carros, etc... O importante é que cada um se sinta seguro (subjectivo) e esteja capaz (objectivo), não pondo em risco os outros.

Janeiro 08, 2019, 17:42:24, 17:42
Responder #5

carlospira

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Boas companheiros,

Eu sendo um novato ( apenas á 5 anos ) nestas coisas das duas rodas apenas digo isto que é um ditado bem antigo :

   QUEM ANDA Á CHUVA, MOLHA-SE  !!

Boas curvas para todos e em segurança.

 :scooter: :scooter: :scooter:

 :yeah: :yeah: :yeah:
Carlos Pires
Kymco Agility 125 - 4 000  até 32.000 kms
Piaggio Medley 125  -  0 kms   até...114.940 kms
Honda PCX 125  -   0  kms   - até  55 mil  para já...

Janeiro 10, 2019, 12:31:37, 12:31
Responder #6

Rui Jorge

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Boas pessoal e um bom ano!
Obviamente que a mota não é um veículo seguro. É verdade de la palisse que a condição de protecção de um motociclista é pouco mais do que a roupa que tem vestida. É evidente que o perigo representado pela falta de civismo ou aselhice dos outros utentes da via tem um impacto muito maior sobre o motociclista. É verdade que dificilmente quem tem debaixo de si uma máquina capaz de prestações que rivalizam com os mais radicais desportivos, não irá fazer um disparate ou outro. É mais que certo que a mobilidade proporcionada por uma mota nos fará, nalgum momento, ficar em risco acrescido.
É por tudo isso que, todos os dias que saio de mota ( e são muitos apesar de ultimamente estar mais comodista e o frio não incentivar a tirar a rapariga da garagem) tenho medo. E isso é bom! É o que me faz afrouxar o punho do acelerador quando percebo que já atingi velocidades insanas, ou que me alerta para a necessidade de perceber primeiro se estou nalgum ângulo morto do carro e só depois ultrapassar, ou ainda que já não tenho idade para cavalinhos ou curvas com o joelho no chão.
E mesmo assim pode acontecer- Pode. E mesmo assim continuo a andar de mota por uma única razão - porque gosto.
Os ambientes esterilizados, com os riscos devidamente ponderados e verificados, são bons para sistemas robóticos e computacionais. Sou humano e, enquanto tal vivo na iminência da morte, mas tentando tirar da vida o melhor que ela tem: Amar, rir, chorar, conhecer, comer, beber, estudar, ler, ter prazer, ter desgostos, ter paixões, fazer asneiras, fazer coisas bem feitas, ver o pôr do sol, viajar, lutar, mudar, tantas e todas as coisas que dão sentido à nossa humanidade e, também, claro... andar de mota. 
Abraços e boas curvas (sempre com aquele coeficiente de cagaço que nos faz manter inteiros)

Janeiro 10, 2019, 14:52:45, 14:52
Responder #7

VCS

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todos os dias que saio de mota (...) tenho medo. E isso é bom! É o que me faz afrouxar o punho do acelerador quando percebo que já atingi velocidades insanas, ou que me alerta para a necessidade de perceber primeiro se estou nalgum ângulo morto do carro e só depois ultrapassar, ou ainda que já não tenho idade para cavalinhos ou curvas com o joelho no chão.
E mesmo assim pode acontecer- Pode. E mesmo assim continuo a andar de mota por uma única razão - porque gosto.
Os ambientes esterilizados, com os riscos devidamente ponderados e verificados, são bons para sistemas robóticos e computacionais. Sou humano e, enquanto tal vivo na iminência da morte, mas tentando tirar da vida o melhor que ela tem: Amar, rir, chorar, conhecer, comer, beber, estudar, ler, ter prazer, ter desgostos, ter paixões, fazer asneiras, fazer coisas bem feitas, ver o pôr do sol, viajar, lutar, mudar, tantas e todas as coisas que dão sentido à nossa humanidade e, também, claro... andar de mota.

Identifico-me totalmente com esta passagem.  :nice:

(...) sempre com aquele coeficiente de cagaço que nos faz manter inteiros)


 :palmas:  :palmas: