Por mero erro de casting, acabei por não fazer a melhor escolha de Hotel para a minha visita a EICMA.
Poderia ter ficado em Rho, mas acabei por optar por ficar na zona de Milao onde fico sempre – Estacao Central - que se recomenda a quem quiser visitar esta bela cidade, mas demasiado longe para quem vai apenas para a Eicma.
No primeiro dia de feira fui ainda surpreendido pela quantidade de kms que andei a pé… cerca de 10, numero contabilizado por uma app no meu smartphone.
Por isso como devem imaginar, no dia a seguir sai do Hotel um bocado cansado e ensonado e comecei a descer a Via Vitruvio em direcção a estação do Metro que ficava a cerca de 400 metros do Hotel.
Logo na primeira passadeira, apanhei a mudança para o semáforo vermelho quando ia a meio a rua e milésimos de segundo depois tive dar um salto pois um Alfa-Romeu com um placard de táxi no tejadilho quase me ia forcando a ficar a conhecer o ortopedista de serviço no Hospital mais próximo.
Mas não era so Eu que estava ensonado… Milão as 9 horas da manha de um sábado é uma cidade que ainda está a despertar, a maioria das lojas ainda estão fechadas e enquanto pensava se parava numa das pastelarias para reforçar a “colazione” ou comprar um fatia de “focaccia al rosmaninho” para mais tarde, algo aconteceu: um ruído aproximava-se e abafava tudo, cortando o silencio da avenida… não era apenas o volume sonoro, o ruído era bem conhecido mas não daquele ambiente.
E de repente passa por mim, a grande velocidade e enquanto furiosamente despachava as ultimas relações de caixa deixando o motor ir quase até ao corte: BLAAAAAAP, BLAAAAAAP… BLAAAAAAAAAAAAAAAAPPPPPPPPPP…..
Mal tive tempo para perceber o que era, mas o ruído era bem meu familiar: era precisamente o mesmo do meu TM K8 de 125cc.
Tenho muitas memorias deste motor, talvez a mais saudosa dela seja o que acontecia quando lhe despachava “4-5-6”, sobretudo o 5-6. A 5 durava para ai 1,5 segundos e depois de tirar e meter pe, já com a 6 metida o impacto nas costas era brutal e era-se catapultado furiosamente para frente. Não metia medo mas era impressionante, no tempo do pe correr o curso do acelerador, ia-se de “muito depressa” para “muito-mas-mesmo-muito-depressa”.
Tao depressa que a 6 nunca estava metida muito tempo, e em pistas muito rápidas tipo Braga ou Viana um eventual falhar do ponto de travagem por 20 centrimetros implicava falhar o ponto de corda por 2 metros.
Passado 200 metros encontrei a maquina, já estacionada e sem piloto. Se o tivesse encontrado ia-lhe agradecer… é preciso ser um “granda maluco” para andar com uma maquina destas no meio de uma cidade e daquela maneira.

(o motor parece-me que é um 80… de qualquer maneira pelo ronco e pela forma como se mexia podem ter a certeza que era versão “elaborazione”)
Pois ja deve ter reparado na maquina que estava quase ao "lado" uma CB dos anos 70, e pelo aspecto ainda anda todos os dias

