Autor Tópico: Test-ride - Zero S  (Lida 1686 vezes)

Dezembro 20, 2016, 11:58:23, 11:58
Lida 1686 vezes

Tiago Parracho

  • Visitante
Vou finalmente dar a minha opinião sobre o teste que fiz há uns meses atrás (se não estou em erro foi em julho) a uma Zero S.

Primeiramente importa referir que o modelo testado correspondia a uma das primeiras versões da ZeroS, o que por si só me desiludiu bastante. O Stand onde fui fazer o teste, Zeev, no Parque das Nações em Lisboa, demorou sensivelmente um mês para me conseguir arranjar uma unidade para testar, sendo que quando arranjaram, foi uma unidade das antigas que já nem correspondia à unidade atualmente a ser comercializada. Fiquei extremamente  :( logo à partida.

Relativamente à mota em si, não sou nenhum expert nestas coisas, pelo que vou focar-me em sensações transmitidas, comparando-as com o background que tenho de duas rodas, que basicamente se resume a:
- Scooter Kymco Downtown 125
- yamaha XJ600 (das aulas de condução)
- Kawasaki ER6 (do exame de condução)
- Yamaha MT07 (teste quando andava indeciso sobre qual comprar)
- Honda NC750X (a minha mota atual)

Assim que me trouxeram a ZeroS, logo as primeiras impressões foram:
- É pequena e bastante estreita (o que para andar no meio do trânsito pode ser uma mais valia)
- Espaço para pendura é exíguo ou quase inexistente. A unidade de teste nem sequer tinha poisa-pés para pendura.
- Alguns materiais escolhidos para a construção do modelo deixam muito a desejar no que diz respeito a: qualidade, suavidade ao toque, aparente resistência dos mesmos

O vendedor lá me fez uma breve explicação das principais diferenças para uma moto com motor a combustão, sentei-me em cima dela, dei à chave e nada. "Não há botão de start?"  :pensador:... "claro que não, ela não precisa" diz o Vendedor  :napodeser:

"Basta recolher o descanso lateral e acelerar, mas cuidado com o binário".

Lá segui viagem, acelerando inicialmente com algum cuidado.

Importa aqui referir algumas caracteristicas desta ZeroS, tais como (dados da versão atualmente comercializada):

Autonomia:   317 km (cidade), 193 km (autoestrada +/- 90 km/h), 158 km (autoestrada +/- 115 km/h)
Binário máximo:   92 Nm
Potência máxima:   54 cv (40 kW) @ 4.300 rpm
Velocidade máxima:   153 km/h
Aceleração (0 aos 100km/h):   5,8 segundos
Bateria:   Z-Force™ bateria inteligente Li-Ion
Tempo de vida estimado   713.000 km (80% da carga original, em cidade)
Capacidade máxima   15,9 kWh
Capacidade nominal   14,0 kWh
Carregador   1,3 kW, integrado
Carregamento (padrão)   10,8 horas (100% da carga) / 10,3 horas (95% da carga)
Carregamento Max (op.)   3,0 horas (100% da carga) / 2,5 horas (95% da carga)
Transmissão   Sem embraiagem, uma velocidade
Peso   205 kg
Garantia da bateria   5 anos/ 160.000 km

Mas em termos de condução, não podia ser mais diferente da minha atual NC.

Como esperava, a sua pequena dimensão e o ser muito estreita, parecia que estava a conduzir uma bicicleta. Os 205kg, quando comparados com os 220kg da NC, pareciam peso pluma.

Já a nível de conforto, continuava a parecer que andava de bicicleta, com quadro rígido  :toma:, tal era a rigidez das suspensões que sentia todas as pedras da estrada.

A estranheza de acelerar e não ouvir nada, depressa passou a felicidade, pelo menos para mim, que prefiro as motas mais silenciosas  :cool:. Ouvia apenas uns barulhos parasita, vindos da traseira, que nas fotos vão poder constatar que se devia a um "bacalhau" feito de uma peça metálica, aparafusado ao quadro da mota, mas cujos parafusos já demonstravam estar a ficar meio soltos.

Já o binário, o tal que o vendedor tinha avisado, tinha que o experimentar, pelo que assim que me apanhei com uma reta mais desimpedida, toca de lhe dar gás. E de facto a aceleração é um... (na falta de melhor palavra para o descrever) ESPECTÁCULO :feliz:

Mas é diferente. Não é uma entrega explosiva, como acredito que seja numa MT09, mas é uma entrega muito disponível e acima de tudo constante até à velocidade máxima, isto é, não é uma curva de binário mas mais uma reta tal a entrega linear de binário. Nunca senti ela a querer levantar a frente, pelo que julgo que exista ali alguma eletrónica a controlar a aceleração.

Fica aqui uma nota também para os péssimos espelhos, que apenas permitiam ver os meus braços, por mais que tentasse regulá-los.

Agora algumas fotos:

Vista de lado: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QQU95S3RfLWFDTlE/view?usp=sharing

De frente: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QUm1sakV0b3poR2c/view?usp=sharing

O tal "bacalhau" que abanava por todos os lados: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QMER1TXBMM2l2dnc/view?usp=sharing

Pormenor da transmissão, suspensão traseira: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QLU1hTVI5Vm5GZkk/view?usp=sharing

Mais um pormenor do tal "bacalhau": https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QeG0yLWo0RjhQdDQ/view?usp=sharing

Secção traseira vista por outro ângulo: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QZzNXS3Iyb3BhUE0/view?usp=sharing

Pormenor das baterias: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QNFI5VUhmSXVjSmc/view?usp=sharing

Pormenor da suspensão e roda dianteira: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QdUpEOGhIUlFBcFk/view?usp=sharing

Painel de instrumentos: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QdkdhVHBoUGI2S2M/view?usp=sharing

Pormenor do sitio onde seria o depósito de combustível, se o tivesse: https://drive.google.com/file/d/0B_9w4nO2eA5QeGZ2ZVdCT0dWVGM/view?usp=sharing

RESUMO:

Em jeito de conclusão, achei esta mota com uma entrega de binário muito boa, fácil de conduzir, e apelativa para andamentos vivos devido às suspensões rijas e tamanho compacto de todo o conjunto. Curvar com ela é muito fácil.

O conforto é parco, o banco é rijo, as suspensões também e a posição de condução das naked não me seduz.

Os materiais de construção são uma desilusão, e dificilmente justificáveis tendo em conta o preço pedido por estas motas. Quando comparada com uma Honda, Yamaha, etc. fica muito atrás. E atenção, que fui ver um dos modelos de 2016 que estava em exposição no stand, para comprovar esta minha opinião.

Para mim, pessoalmente, esta ainda não é a elétrica que me fará mudar das motas convencionais a combustão para as elétricas. Mas se tivesse testado uma BMW C-evo, não sei não... Ainda bem que não a testei  ::P:

Dezembro 21, 2016, 13:23:49, 13:23
Responder #1

Sapiens21

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Pessoalmente não reúne totalmente o meu agrado, não sendo pela questão eléctrica...

Aliás, posso até dizer que já gostei mais do que agora. Não sei explicar...

Quando saiu este modelo e houve alguma divulgação do mesmo, confesso que fiquei algo "encantado" pelo que via em vídeos e pelo que era prometido em termos de desempenho.
Se o desempenho até parece não sair beliscado desta apreciação, o mesmo não posso já dizer do estilo, que presentemente me causa já alguma indiferença.  No fundo, acho que fiquei com a visão anuviada por umas specs que nessa altura me chamavam bastante à atenção.  :)

Li em duas passagens do teu teste que os materiais deixam muito a desejar, indo ao ponto de dizeres que são uma "desilusão".
Referes-te a serem muito finos, frágeis, com acabamentos muito fraquinhos?

Deixado para o final: Obrigado pelo teu testemunho com este test-ride.  :nice: :nice:
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Dezembro 21, 2016, 17:26:43, 17:26
Responder #2

Limpinho

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Muito bom teste companheiro.

Não é dos modelos mais bonitos mas as eléctricas vieram para ficar.

Cumps

Dezembro 22, 2016, 09:43:40, 09:43
Responder #3

Tiago Parracho

  • Visitante
Isaac, quando me referi à qualidade dos materiais, refiro-me não apenas ao aspecto dos mesmos, que logo à vista aparentam ser frágeis, sobretudo os plásticos, muito propensos a riscos e não só.

Mas também à sua montagem. A mota que testei tinha vários barulhos parasita relativos a painéis já meio soltos, e alguns rachados, como é o caso do bacalhau (peça de plástico onde o bacalhau de metal se encontra aparafusado), o que me leva a concluir que a apreciação estética de que os materiais são fracos acaba por se revelar na prática como sendo verdade.

Depois, tínhamos outros aspectos como por exemplo os acabamentos do painle de instrumentos, piscas dianteiros, etc. Sinceramente não me parece que esta mota justifique o dinheiro que pedem por ela... mesmo sabendo que é uma elétrica com boas specs.

Dezembro 22, 2016, 10:18:56, 10:18
Responder #4

rodrigues

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Passo ( ou passava ) muitas vezes nesse Stand no Parque das Nações e tenho visto por lá uma motas bem engraçadas e mais encorpadas.

Pelo menos parecem vista da montra  :pensador:

Aqui toda equipada parece outra  :nice:

« Última modificação: Dezembro 22, 2016, 15:42:07, 15:42 por rodrigues »

Dezembro 23, 2016, 18:44:52, 18:44
Responder #5

Moto2cool

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A tecnologia para condenada ao sucesso num futuro mais ou menos perto, mas espero que melhorem a estética :) nesta bicha ninguém gostaria de ser visto
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"Viver a vida não é esperar que a tempestade passe, é aprender a andar à chuva"

Dezembro 23, 2016, 19:04:38, 19:04
Responder #6

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Não deixo de olhar para alguns números com interesse... :)

"Bateria:   Z-Force™ bateria inteligente Li-Ion
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Já não é com estupefacção que sei das capacidades de certas baterias, mas não deixa de ser importante mencionar ou chamar à atenção.  :nice:
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas para satisfazê-los.
Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro."

Dalai Lama

Dezembro 23, 2016, 19:42:24, 19:42
Responder #7

rodrigues

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Não deixo de olhar para alguns números com interesse... :)

"Bateria:   Z-Force™ bateria inteligente Li-Ion
Tempo de vida estimado   713.000 km (80% da carga original, em cidade)"


Já não é com estupefacção que sei das capacidades de certas baterias, mas não deixa de ser importante mencionar ou chamar à atenção.  :nice:

Concordo, eu também tenho andado a pesquisar sobre a evolução das baterias e começo a ficar esperançado na tecnologia que as desenvolve.

Só a produção em série poderá poderá baixar o preço das baterias e tornar a opção elétrica uma realidade.

A acontecer ainda no meu tempo de vida confesso que me tornarei adepto dessa condução mesmo sacrificando a condução manual  :'(  mas até agora a estética não me tem convencido  :nempenses: